3 de fevereiro de 2006

Dirigindo a propria vida!

Sempre gostei de andar de carro, mas sentia medo de dirigir, por isso sempre fui conduzida por alguém. Aos 30 anos, já casada e com duas filhas, morava longe do trabalho e da escola delas. Andava de ônibus, nunca tive problemas por causa disso. Morava no Gama (cidade satélite de Brasília-DF) e trabalhava no plano piloto, eram 38 km de distância e demorava cerca de 40 minutos na estrada. Minhas filhas tinham 3 e 5 anos, estavam crescendo e ficando pesadas. Quando ambas dormiam na viagem de volta pra casa à noite, eu carregava as duas meninas uma em cada ombro. Meu marido conseguiu finalmente comprar um carro e eu precisava adaptar meus horários para aproveitar a carona. Ele quis me ensinar a dirigir para que eu pudesse aproveitar melhor o nosso veículo.
Sentia muito medo de dirigir, achava que não conseguiria conduzir o carro, e ter o controle da direção parecia muito difícil. Minha insegurança não permitia que eu acreditasse que poderia ser uma boa motorista (eu "preciso" sempre fazer as coisas da melhor forma possível). Sentia medo de errar, causar um acidente ou prejudicar alguém. Quando meu esposo se propunha a me ensinar a dirigir, íamos a lugares amplos e desabitados para diminuir os riscos de acidentes com terceiros. Mas sempre sentia aquelas sensações típicas de quem sofre de uma fobia. A preocupação, tensão e nervosismo sempre atrapalhavam as minhas aulas. Ele começava bem calmo, falando baixo e cuidadoso; mas, à medida que comprovava as minhas dificuldades e deficiências, cada vez que eu errava ele ia ficando mais e mais nervoso, preocupado e claramente demonstrava falta de confiança na minha competência. Esse comportamento do meu marido era somado à minha insegurança básica e ficava mesmo muito assustada, errava e achava impossível eu conseguir dominar o carro, pensava que nunca conseguiria fazer o carro seguir por onde eu queria, pôxa, eram tantas coisas pra controlar ao mesmo tempo...
A minha necessidade de aprender a dirigir aumentava à medida em que as coisas ficavam mais difíceis, quando aconteciam greves de ônibus, engarrafamentos ou acidentes. Precisava realmente aprender a conduzir um veículo, precisava dirigir a minha vida, mas eu não sabia como. Estava muito cansada de ser conduzida, guiada, cansada de depender de outros para ir aos lugares em que queria ir.
Um dia recebi um pagamento atrasado de um emprego anterior, um valor considerável que eu nem imaginava que receberia um dia, resolvi dedicar esse dinheiro para pagar aulas de autoescola e tirar a carteira de motorista de uma vez por todas. Decidi experimentar a autoescola depois de várias tentativas frustradas e cansada de ouvir falar que era incompetente e nunca conseguiria dirigir. Me inscrevi e fui à primeira aula cheia de expectativas e insegurança, precisava acabar com aquela dificuldade em conduzir um automóvel.
Continua ...