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11 de dezembro de 2019

Recomeçando...


Muitas coisas têm acontecido em 2019, coisas boas, difíceis, fáceis ou desafiadoras.
Este ano completei 53 primaveras, posso afirmar que já passei da metade da minha vida já que tenho planos de chegar perto de um século de existência... Acho que estou me afastando do motivo principal de estar escrevendo hoje...
A vida muda sempre. Muda ou se transforma a cada dia quando vemos um novo sol surgir ao amanhecer. São tantas possibilidades... Tantas oportunidades...
Posso começar agradecendo ou reclamando! Pedindo misericórdia ou chances de vingança! Posso abrir os olhos pela manhã lamentando ainda estar viva ou me desculpando pelas oportunidades desperdiçadas ontem. Posso duvidar de mim mesma, posso duvidar de Deus e da natureza! Posso acreditar na próxima mentira ou duvidar da primeira verdade dolorida que ouvir! Posso tentar descobrir quem eu fui ontem ou planejar quem desejo ser no futuro.
Prefiro nesse momento em que escrevo essas linhas trêmulas (ou digito neste teclado) abrir os olhos agora, respirar e começar hoje a viver essa nova vida.
Um dia de cada vez! Este deve ser meu lema, minha frase de cabeceira, meu mantra matutino, vespertino e noturno. Hoje é o melhor dia, pois é o meu presente!
Meus projetos, sonhos e desejos poderão surgir pelo caminho, mas não poderão ser motivo de dúvida, dívida ou ansiedade... O que tiver de ser, será começado hoje. O que já passou será apenas uma história que posso contar a alguém ou a mim mesma. Eu escolho começar hoje, agora!
Eu posso escolher hoje! Posso escolher agora! Ou, depois de amanhã ou ontem...
Mas estou decidindo escolher hoje, começar, recomeçar, continuar tentando, perseverando, sobrevivendo... Posso ouvir hoje, posso falar hoje, posso escrever agora!
Já sobrevivi antes. Já superei perdas e lutos antes. Mas hoje começo uma nova história, com novas escolhas. Não desvalorizo as escolhas que fiz e histórias que vivi antes. Não desmereço os sonhos e planos anteriores. Escolho definir agora como será minha vida hoje. Escolho amar a vida! Escolho me amar! Sem promessas e sem arrependimentos. Escolho conhecer quem sou agora!
Escolho renascer hoje e fazer as melhores escolhas que eu puder agora. Escolho abrir meus olhos, ver bem, ouvir melhor. Escolho sentir sabores e aromas como se fosse o meu último dia, ou melhor, o primeiro! Escolho sentir neste instante o peso do meu corpo na cadeira, do tênis confortável que coloquei no pé. Escolho sentir meu coração batendo depressa.
Posso sentir minha respiração ofegante enquanto minha mão se apressa em colocar no papel essas palavras que surgem na minha cabeça. Posso continuar apenas aguardando nesta sala de espera que minha hora comece e meu nome seja chamado, que minha vez chegue... Ou, posso decidir começar neste instante! Posso decidir ser quem eu conseguir ser agora!
Posso ficar aqui ouvindo a música que toca na rádio distante ou posso escrever a minha própria letra, composição ou tema. Posso cantar ou gritar! Posso sussurrar ao vento ou posso simplesmente sentir o ar que entra em meus pulmões e me oxigena hoje, agora!
Ao longo desta vida já vivi e escrevi outros recomeços... Não tenho como dizer se foram melhores ou piores do que este que estou vivendo agora. Só posso dizer que esse dia é único e mágico como foram tantos e serão muitos outros.
Presente, passado e futuro. Ontem, hoje e amanhã.
No passado as pessoas acharam que a terra era plana como um disco de vinil. Quantos morreram antes de aprender essa verdade natural: “a vida é uma bola que rebola lá no céu”, girando ao redor do sol que nos ilumina e nos dá a vida diariamente. Quantos vão nascer ainda que haverão de duvidar que a vida se renova e as situações recomeçam como a música naquele disco enguiçado na vitrola que repete a mesma frase da música passada.
O passado doeu e já passou. O futuro só a Deus pertence. O que tenho é o hoje que eu escolho agora! Neste instante!
Dê-me Jesus a alegria de respirar agora! Dai-me também outros agoras para que eu possa continuar aprendendo a amar. Dê-me Deus a graça de compartilhar esta vida e este momento contigo, comigo e com o próximo!
Um dia de cada vez!

17 de março de 2009

Arte de dizer não

Já falei aqui sobre minha dificuldade crônica em dizer Não. Tenho refletido, meditado, orado e levado pra minha terapia esse assunto, mas por enquanto ainda estou em fase de recuperação desta síndrome.
Esta semana encontrei um texto que escolho compartilhar com aqueles que sentem a mesma dificuldade que eu.


A Arte de dizer não 
 Dr. Alessandro Loiola*/Especial para BR Press

(BR Press) - Tenho inúmeros pacientes cuja pressão elevada, insônia, distúrbio da ansiedade, depressão, compulsão alimentar ou obesidade foram causados pela incapacidade de dizerem NÃO. Eles saem pela rua colocando sobre as costas toda e qualquer carga de responsabilidade que encontram pela frente. No final do dia, estão piores que o último bagaço de laranja do Ceasa, e ainda recebem críticas porque estão deixando o serviço atrasar...
Dizer NÃO é essencial, mas o problema é que não recebemos treinamento específico para isso. As empresas, as universidades, os cursos pré-nupciais, em toda parte onde se ensina a fazer alguma coisa, ninguém ensina como NÃO fazer. Contudo, existem ocasiões em que você simplesmente já tem tarefas demais, e ser capaz de dizer NÃO pode ser a única forma de manter a sanidade física e mental.
Se você vive reclamando de desgaste e sobrecarga de trabalho, e só agora percebeu que é mais uma vítima dos que não sabem dizer NÃO, recomendo o seguinte: faça uma lista das situações em que você gostaria de dizer NÃO, mas não foi capaz de abandonar o SIM. E escolha uma desculpa de acordo com sua personalidade a partir da lista abaixo:
O EXECUTIVO
Ele diz NÃO escapando pelo excesso de coisas por fazer: "O problema é que estou envolvido em outros projetos até 2096..." ou então "No momento (leia-se: até o dia em que você parar de pedir) não acredito que seja possível encaixar mais nada na agenda...". Alguns ainda fecham com chave de ouro, tirando da pasta todo seu grau de excelência, dizendo "E além de tudo, tenho que manter aquela qualidade que você já conhece."
O RELAÇÕES-PÚBLICAS
De repente o sujeito é seu amigo, mas ainda assim... "Rapaz, prefiro recusar agora a fazer um serviço ruim e lhe prejudicar". Ou "Até gostaria, o problema é que estou atolado em outro trabalho, sem tempo para nada". Porém, um verdadeiro Relações-Públicas sempre dará um jeito de emendar a recusa com algo como: "Mas posso indicar alguém para ajudar se você quiser". E lhe encaminhará para um Executivo. Ou um Pobre-Coitado.
O POBRE-COITADO
Balance a cabeça de modo tristonho enquanto repete "Olha, infelizmente não me acho a pessoa mais indicada para esse serviço", "Não tenho muita experiência no assunto" ou "Não é o meu forte". Mas atenção: evite emendar as 3 desculpas em uma mesma frase. Não gaste de uma vez todos os seus trunfos! Dê respostas diferentes para cada vez que o outro insistir.
Se preferir, recuse fazendo uma massagem estilo drenagem linfática no Ego do outro ("Tenho certeza de que você é capaz de fazer isso pelo menos 10 mil vezes melhor do que eu!") ou chore um lamento hipocondríaco tipo "O médico recomendou que reservasse um tempo livre para cuidar da saúde, dedicar à família, descobrir meu verdadeiro eu, sabe como é...".
Até eu fiquei com pena.
O PRÁTICO
Algumas vezes, um simples e curto NÃO é suficiente. Os especialistas em Recursos Humanos recomendam que você faça isso de modo claro, firme porém cortês, deixando todas as portas abertas para um bom relacionamento no futuro. Depois, monte um curso bem caro para contar como foi que você conseguiu um milagre desses.

Fonte: http://br.news.yahoo.com/s/13032009/11/saude-arte-dizer-nao.html

*Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor e palestrante. Autor de, entre outros livros, "Para Além da Juventude - Guia para uma Maturidade Saudável" (Editora Leitura). Fale com ele pelo e-mail aloiola@brpress.net

12 de fevereiro de 2009

As idéias do outro.

Em 05/02 Edson Marques escreveu e eu fiquei pensando...
Acho que ele tem razão, ou será que não?

Se amar é mesmo reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas, será que nisso está implícito que deverei aceitar suas ideias, mesmo as absurdas, e incorporá-las como se fossem minhas, se ele assim o desejar?
Será que o outro tem sempre razão?
Claro que não.
Cada um de nós tem um sistema de valores.
Então, amar não significa aceitar todas as escolhas que o outro fizer, mas sim somente aquelas que não impliquem uma supressão da minha liberdade pessoal.
Se uma determinada escolha feita pelo outro, que diz me amar, contraditoriamente cerceia minha liberdade, ou violenta minha dignidade, ou me causa algum transtorno de qualquer espécie, então essa escolha dele me faz mal — e deve ser rechaçada com o máximo vigor!
Em hipótese alguma, nunca — absolutamente nunca — nunca devemos compactuar com quem nos fere ou nos amputa.
Acontece que a recíproca também é verdadeira!
Pense um pouco sobre isso: Até que ponto você também não anda cerceando a liberdade do teu amor?
A você — que é uma pessoa livre — pode parecer estranho, mas existem pessoas que realmente suprimem a liberdade do ser amado, em nome do seu suposto amor. E o que é pior: tem gente que aceita...

Fonte: Texto original no livro Beijos no Céu da Boca de Edson Marques, página 92.

18 de setembro de 2008

Ando meio perturbada.

Não sei como explicar.
Não sinto vontade de falar, muito menos de escrever.
Justamente quando o número de visitantes começa a aumentar...
Espero que meus futuros "fãs" não desistam, antes mesmo de me conhecerem melhor.
Pra meus amigos não perderem tempo vou republicar um dos primeiros textos que coloquei aqui no blog.



TEMPO CHUVOSO
Luiza Helena
Hoje o dia amanheceu até bonitinho, mas logo apareceram aquelas nuvens cinza escuro, pra não dizer negras. Vocês já perceberam como às vezes o dia parece cinza mesmo antes de chover? Estou falando não só do tempo físico, clima, temperatura, previsão do tempo; estou falando do tempo emocional.
Meus sentimentos, às vezes, se parecem com a natureza, ou serão influenciados pela estação do ano? Não sei bem o que eu quero dizer, mas parece que quando eu estou triste, vejo tudo à minha volta como se fosse cinzento, negativo. Se chover então...
No dia ensolarado, parece que eu fico um pouco mais alegre, aberta a novas experiências, com expectativas otimistas... Existem pessoas que dizem: levantar da cama com o pé esquerdo dá azar, ou coisa parecida. Eu não acredito em superstições, mas já percebi que quando estou um pouco "pra baixo", ou meio deprimida, parece que todas as circunstâncias favorecem o acidente, o desastre, ou a confusão.
Um exemplo do que eu estou falando é, se você tem uma ferida em determinada parte do corpo, tudo bate, cai ou machuca aquela parte do corpo. Acho que vocês já perceberam isso também... O cunhado, primo ou colega de trabalho "precisa" te dar aquele abraço apertado justamente quando você voltou de férias todo queimado de sol. Quando eu tropeço e machuco o dedão do pé, parece que todo sapato aperta, tudo cai exatamente naquele dedão, até quem nunca pisou no seu pé neste dia acerta!
E acho, não sei bem, eu penso (às vezes), que emocionalmente esse fenômeno também acontece, se você está meio triste, meio nervoso, ou meio alguma coisa, diversas outras coisas acontecem... Se não melhorar, vai piorar de vez.
Não pensem que eu estou pessimista hoje, mas acho que estou especialmente sensível a perceber as nuvens cinzas do céu. Até já choveu e enquanto eu chorava, assistia a chuva caindo na janela do serviço...
Parece até que atrai, se estou triste fico reparando no incêndio que ocorreu hoje na cidade, o carro batido que atrapalha o trânsito, o telefone que não pára de tocar, no trabalho as pessoas ficam mais exigentes na razão inversa da sua disponibilidade.
Atrasos são acentuados por buracos e pedras no caminho. Ônibus lotado, quebrado, cadeira suja ou estragada justamente quando você está arrumado para aquele compromisso importante. Acho que não sei mais o que eu estou escrevendo... O que eu sei é que este espaço existe pra se colocar as idéias e pensamentos, argumentos e discussões.
Aproveitando esta idéia eu estou colocando aqui o que me perturba neste momento para não precisar mais pensar sobre isso hoje. Estou esvaziando minha cabeça dos pensamentos trouxas que eu teimo em carregar comigo. Sei que este espaço não é lata de lixo, mas meus pensamentos àtoa também não são tão ruins assim!
O que estou descrevendo se parece com aquela lei de Murphy (ou será outro nome?) que diz que sempre pode ficar um pouco pior, se tudo estiver meio torto poderá ficar mais torto ainda. Espero poder escrever em dia próximo sobre o inverso desta lei, pois quando estou otimista, até parece que as coisas ficam mais fáceis, "Poliana" pode bem explicar o que eu estou dizendo. Sei que o mundo é colorido, cinzento, branco ou negro, dependendo de quem olha, e como olha. Não existem coincidências, e nem acaso, acredito que todas as coisas na vida humana têm uma causa e, de acordo com nosso livre arbítrio, uma consequência inevitável.
Concordo quando dizem que colhemos o que plantamos, mas às vezes eu gostaria de ter a ajuda de alguém que me ensinasse a reconhecer os tipos de semente, a discernir as boas das ruins. Para não cometer duas vezes o mesmo erro de plantar espinho em vez de flores.
Ao final do dia cinzento e chuvoso eu reconheço que valeu a pena viver mais este dia. Espero com a graça de Deus amanhecer novamente amanhã; quando abrir os olhos, logo cedo, vou agradecer a oportunidade de escrever novamente, descrever as cores e continuar construindo esta história, que já começa meio torta, mas é verdadeira.
Uma vida perdida procurando achar o rumo certo a seguir.
* Foto gentilmente cedida por Claudia Lemos do blog Fazedora de Artes.

25 de julho de 2008

Instantes de frustração


Ontem à noite seguia em meu carro, tranquilamente de volta pra casa. Avistei uma meia lua resplandescente combinando perfeitamente com as luzes da cidade.
Quem conhece Brasília sabe que os mais breves passeios nos levam a percorrer quilometros de asfalto. Naquele ponto da estrada um pouco mais alto era possível ver essa imagem encantadora.
Fiquei paralisada por alguns segundos diante de tão maravilhosa composição, quando lembrei que minha máquina fotográfica estava ali tão perto na bolsa...
Mas, a rodovia não tem acostamento, este bairro não é seguro, se parar, corro risco de assalto ou acidente... Eu sempre soube que sou insegura, mas essa noite consegui me superar!
Com a máquina numa mão e o volante na outra tentei frustantemente registrar aquela cena maravilhosa. Diminui a velocidade, quase parei, quando olhei ao redor tremi e não consegui efetuar o registro.
Mesmo que utilize os melhores adjetivos e pesquise palavras adequadas pra descrever as emoções que senti naquela noite, será impossível retornar àquele intante, àquela vista, o momento passou, agora restam-me somente as lembranças...

17 de julho de 2008

Quero ser livre!


Rir é arriscar-se a parecer tolo.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Buscar o próximo é arriscar-se ao envolvimento.
Expor os sentimentos é arriscar-se a rejeição.
Apostar nos sonhos é arriscar-se a passar por rídiculo.
Amar é arriscar-se a não ser retribuido.
Seguir em frente, apesar das dificuldades, é arriscar-se a fracassar.
Mas os riscos devem ser assumidos, pois o maior perigo na vida é o de não arriscar nada.
Pode evitar o sofrimento e a tristeza, mas não pode aprender, sentir, mudar, crescer, ou amar.
Presa à sua segurança, é uma escrava.
Apenas uma pessoa que assume riscos é livre.


Fonte: John Maxwell, Arte de influenciar pessoas.

3 de julho de 2008

Será possível? Sonhar acordada?

Conheci uma pessoa pela Internet, num site de encontros. Coloquei minhas características pessoais e as características do parceiro desejado; após alguns dias de espera infrutífera, resolvi visitar o perfil dos candidatos. Observei muitas fotos de homens muito bem apresentados e fotogênicos, vi caras e bocas dos mais diversos tipos, perfis e tórax malhados e brilhantes, talvez até maquiados ou “fotoshopados”.
Entre tantos, uma foto me chamou atenção, um homem comum abraçado a uma menina que aparentava uns 8 anos. Enviei um convite pra bate-papo virtual, junto com a confirmação do e-mail recebi uma afirmativa que me deixou um tanto quanto incrédula: “Gosto das fofinhas”. Se negasse meu corpo atual eu teria ficado ofendida, mas fiquei ainda mais curiosa. No início da conversa, fiquei muito insegura e desconfiada, tivemos nossa primeira “briga/discussão” nos primeiros 10 minutos de diálogo.
A alegria do encontro virtual foi se intensificando, percebi que temos muito assunto, bom humor, brincadeiras e discussões. Surgiram temas “picantes”, afinal minha busca por um parceiro “virtual” estava intimamente relacionada à recente separação e tentativa de superar o sentimento de rejeição. Falar sobre sexo pode ser uma forma divertida de disfarçar a carência e com parceiro virtual é possível ensaiar as vivências que a timidez ou autocensura não permitem na vida real.
Nosso interesse mútuo foi estimulando cumplicidade e aproximação, aumento da intimidade e nascimento do desejo de encontro “real”; utilizamos as conversas com webcam para temperar nossos encontros e desencontros que eram literalmente impedidos pela distância quilométrica entre nossas residências.
Percebi que passava o dia todo aguardando o horário de nosso “encontro”, me preparava cuidadosamente, me penteando e perfumando pra ficar bem na foto. Surgiram muitas brincadeiras e cumplicidade. Esse relacionamento foi crescendo e prosseguindo como um namoro real com exceção dos imprevistos que geravam frustrações, tipo falta de energia elétrica, pane no computador ou defeito na linha telefônica. Sempre lhe contava em detalhes meus sonhos de como seria nosso encontro face-a-face, meus sentimentos e emoções, minhas dúvidas e ansiedades.
Do meu ponto de vista, sempre questionei a concretude do meu parceiro virtual. Até hoje acho impossível a existência de uma pessoa assim tão perfeita, bom ouvinte, carinhoso, alegre, divertido, romântico, enfim, com tantas qualidades e principalmente, que se interessasse por mim. Eu sei que o homem perfeito não existe, é história de ficção. Quando as mulheres pensam que encontraram o homem ideal, acontece que, ou é comprometido ou gay.
Até hoje, me divirto muito em nossos encontros, mas, tenho muito medo de me apaixonar. Saí recentemente de um relacionamento sofrido, em que lamentei reconhecer que meus sentimentos não foram correspondidos e valorizados. Ainda me sinto rejeitada, autoestima em tratamento, e defesas emocionais ativas pra evitar uma nova frustração amorosa.
Nesse aspecto, o relacionamento virtual pode se mostrar bastante seguro, um ensaio sem chances de decepção ou sofrimento, como uma grande brincadeira. Tive muitos sonhos (até eróticos) com meu parceiro virtual, por mais que meu impulso natural favorecesse a busca, eu sempre me conscientizava de que seria um encontro improvável e puramente físico, pra não pensar muito nos sentimentos, somente na satisfação do desejo carnal. Um encontro homem-mulher, ambos carentes de contato físico e satisfação sexual.
Pois bem, marcamos o encontro no restaurante do hotel em que estaria hospedado. Quem diria, me ligou poucas horas antes para me dizer que estaria ocupado e não poderia me ver.
Cheguei em casa cansada do dia corrido e da rotina monótona, desiludida e decepcionada, me aprontei pra dormir, mas antes, liguei o computador para uma última olhadinha nos e-mails e atualização da correspondência.
Quem eu encontro on-line por volta das 22 horas? Benedito!
Nem pude disfarçar minha insatisfação enquanto ele exercitou desculpas esfarrapadas de que a reunião foi desmarcada na última hora. Pela webcam eu fiz beicinho, “cara de mau” e me mostrei muito zangada, nada me faria ficar feliz agora, principalmente sabendo que estávamos naquele momento na mesma cidade.
Benedito me desafiou a encontrá-lo no quarto do hotel, disse que eu não teria coragem... Realmente, ele não me conhece bem, não tenho nada a perder!
Como estava muito contrariada, nem pensei no que estava fazendo, apenas me arrumei e segui pro hotel, sabendo que já era tarde e que deveria trabalhar logo cedo pela manhã. Coloquei umas coisinhas na bolsa, inclusive uma camisola sexy comprada há muito tempo, porém nunca utilizada por falta de boa companhia.
Enchi-me de coragem, ousando como nunca havia feito, se pensasse a sério, nunca teria me aventurado ou me arriscado tanto na vida. Um encontro às escuras com um homem que havia conhecido pela Internet apenas há seis meses, e que só tinha visto pela webcam.
Peguei a chave do carro e só me dei conta do avançado da hora quando percebi as luzes da noite e a lua que brilhavam iluminando meu tortuoso caminho. Parecia a cena de um filme tipo B, daqueles que são reprisados de madrugada.
O relógio da recepção do hotel marcava 23:55h, me aproximei do balcão e falei que Benedito me aguardava. O recepcionista me olhou de cima a baixo e perguntou se poderia ajudar, já chamando o gerente. Afinal eu não sabia a resposta a uma pergunta básica: “Benedito de quê?”
Um senhor sério e formal compareceu me informando que o hotel não permitia visitas noturnas. Sorri, muito envergonhada, e falei que ele poderia ligar para o quarto e confirmar se Benedito realmente me aguardava.
Fiquei muito constrangida naquele hall luxuoso, vendo os atendentes do hotel me julgando e dizendo que eu não poderia passar a noite. Nem sei de onde busquei coragem, sei apenas que dei meu sorriso mais inocente, falei que meu amigo não vinha à cidade há muito tempo e que viajaria no dia seguinte.
O gerente concordou que eu subisse após confirmar com Benedito e anotar meu nome e identidade. Neste momento eu falei que ficaria apenas duas horas e que ele não se preocupasse, pois sou muito discreta. Estava me sentindo a própria Julia Roberts em “Uma linda mulher”. Fiquei muito orgulhosa quando me aproximei do elevador, tinha certeza que havia sido confundida com uma profissional.
Minha alegria durou pouco, quando as portas do elevador se abriram, era grande e espelhado, o reflexo revelou a minha triste imagem refletida. Vi-me como realmente sou, uma mulher comum, muito acima do peso, aparentando meus 40 anos, vestida como uma dona de casa cafona, segurando uma sacolinha do lado e totalmente envergonhada pela situação que estava passando.
Ao chegar ao andar referido, percebi que havia esquecido o número do apartamento, fiquei com vontade de voltar correndo pra casa, pro meu esconderijo como uma garotinha assustada.
Os pensamentos se passavam muito rápido pela minha cabeça e meu corpo estava se modificando com a mesma velocidade, sentimento de medo, ousadia, culpa e arrependimento. Nesses breves segundos, vi minha vida toda se passar diante dos olhos. Enquanto pensava no que deveria fazer, meu coração se acelerou e comecei a sentir os efeitos da adrenalina correndo pelas minhas veias e me preparando pra luta ou fuga.
E se fosse tudo mentira? e se ele não fosse como eu imaginava? e se fosse abusado ou enganador? O quer fazer? Pensei várias vezes em sair correndo, mas o desafio me fazia prosseguir. Que dúvida, que medo! Estava completamente excitada pelo inusitado da situação. Aqueles segundos me pareciam horas...
Suava intensamente, minhas pernas tremiam, minha boca estava seca e o coração descompassado... Como fazer? Bato na porta, e se não for ele? O que dizer? Parei na frente da primeira porta e bati repetidamente, pronta pra correr na direção oposta. Enquanto agradecia a Deus por outro alguém desconhecido não ter aberto, vejo uma porta se abrindo e uma cabeça olhando pra mim, parecia tão assustado quanto eu.
Reunindo minhas últimas forças, me aproximei, fiquei congelada diante da porta aberta e a frente de um homem completamente nu. Não sabia o que dizer ou fazer, um grande aperto no peito indicava que eu teria um colapso ali, naquela hora. Em todos os meus devaneios nunca pensei que me sentiria assim tão sem ação chegado o momento que eu tanto esperava, sorri assustada e impactada.
Meus pensamentos foram interrompidos quando Benedito falou: “Se ficarmos aqui, vou me resfriar!” Consegui apenas dar um passo na direção do quarto até perceber o quando ele estava excitado...
Diante da minha total falta de iniciativa, Benedito me abraçou, ao mesmo tempo em que fechou a porta, me beijou com tanta intensidade e paixão que parecia que éramos namorados e amantes há muito tempo.
Senti uma grande fraqueza, minhas pernas simplesmente falharam como se me rendesse àquele abraço, sentindo o calor do corpo que me envolvia... “Ele mentiu, disse que é mais alto que eu... Quanto carinho! Como cheira bem! Que abraço gostoso!” Continuamos nos abraçando e beijando. Rolamos pela cama, entre gestos e gemidos afetuosos. Estava totalmente inebriada, envolta em milhares de sensações e percepções. Sentia-me totalmente confortável, o olhar de Benedito transbordava desejo e satisfação. Vivi um momento de deusa, protegida, confiante, toda poderosa! Um momento interminável, a noite parecia não ter fim... Uma noite de êxtase, diversão, alegria e prazer!
Será Benedito, real, concreto ou imaginário?

30 de maio de 2008

Os sentimentos

Mateus (11 anos)


Os sentimentos são como as estações do ano
o verão é o amor
o inverno é o ódio
o outono é a tristeza
e a primavera é a felicidade.
Os sentimentos fracos são como uma pena
e os pesados como o hipopótamo,
mas você tem o domínio em suas mãos.


21 de maio de 2008

O que é abuso moral?

"A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma silenciosa e dissimuladamente." G J Ballone
De todos os tipos de violência o mais difícil de corrigir é o abuso moral, pois não deixa marcas visíveis, e fica quase impossível confirmar o causador.
Tenho muitas dúvidas sobre este assunto, por isso solicito a colaboração dos colegas leitores para colocar este assunto em discussão.
Precisamos de mais e melhores informações pra ajudar as pessoas a se prevenirem e defenderem desse tipo de agressão.
OBS: Estou pesquisando sobre violência doméstica e abuso psicológico, em breve estarei postando...
Por enquanto estou lendo:
Portal PsiqWeb organizado pelo psiquiatra Geraldo José Ballone.

25 de fevereiro de 2008

Podemos tentar ser amigos?

Ana Luiza de Jesus Alves

Eu sei que eu posso ser estranha.
Muitas vezes até maluca.
Pode me achar até sem noção,
Mas todo mundo merece uma chance.


Eu entendi que nada vai rolar,
Mas me deixa ser sua amiga.
Pode até ser legal
Me dá uma chance!


Não custa nada experimentar
Pois nada tens a perder
Pode apenas ter uma chance
De uma grande amizade fazer.


Me dá uma chance!
O que custa tentar?


Pode até ser que nunca funcione
Mas vale a pena tentar
Está tudo nas suas mãos
Vê se não deixa tudo escapar.


Depois não adianta chorar
Suas chances terão acabado
Paciência é de ouro
Mas não dura pra sempre.

Fonte: A utopia das palavras. Vol. 8. Brasília: Centro Educacional Sigma, 2008.

6 de fevereiro de 2008

Posso trocar a velha janela aberta por esse caminho verde!

Luiza Helena
Eu Posso!!

Tenho certeza que os melhores momentos estão chegando! Trazendo dias ensolarados e tranquilos, e até chuvosos e úmidos.
Vejo minhas filhas alegres e barulhentas como os pássaros que insistem em me chamar pra vida!
Posso finalmente passear neste lugar verde por todos os lados; ouço, enfim, o som suave do pequeno riacho que corre faceiramente pelo leito estreito de pedras. Mergulho na água transparente e gelada!
Sinto o aroma das flores desabrochando; respiro ar puro, fresco e úmido.
Saboreio as frutas maduras como fazem as crianças doces...
Sem me importar se é fantasia ou realidade, sento à sombra desta agradável varanda,

Fico entusiasmada enquanto escrevo estas palavras insistentes que teimam em escorrer por entre meus dedos enquanto tento segurá-las...
Posso sentir a brisa soprar suavemente
e as nuvens cinzentas e insistentes anunciando
a próxima chuva que vai levar embora meus pensamentos tristes ...

Eu Posso!!

4 de janeiro de 2008

Hoje nem sei o que falar, mas no dia 27/12/2005 eu dizia...

"Hoje o dia amanheceu até bonitinho, mas logo apareceram aquelas nuvens cinza escuro, pra não dizer negras. Já perceberam como às vezes o dia parece cinza mesmo antes de chover?
Estou falando não só do tempo físico, temperatura e previsão do tempo; mas, do clima emocional. Meus sentimentos às vezes se parecem com a natureza, ou serão influenciados pela estação do ano?
No dia ensolarado, parece que fico um pouco mais alegre, aberta a novas experiências, com expectativas otimistas... Não sei como dizer... Quando estou triste, parece que vejo tudo à minha volta como se fosse cinzento, negativo. Se chover então...
Penso que às vezes esse fenômeno também acontece ao contrário, se estou meio triste, meio nervosa, ou meio alguma coisa, diversas outras coisas acontecem... Se não melhorar, piora tudo de uma vez. Não pensem que estou pessimista, mas especialmente sensível a perceber as nuvens cinzas do céu.
Entendo que a internet, ou blogosfera existe pra se colocar idéias, pensamentos, argumentos e discussões. Aproveitando, estou colocando aqui o que me perturba para não precisar mais pensar sobre isso. Estou esvaziando minha cabeça dos pensamentos "trouxas" que eu teimo em carregar comigo.
Sei que o mundo é colorido, cinzento, branco ou negro, dependendo de quem olha, e como olha. Concordo quando dizem que colhemos o que plantamos, mas às vezes gostaria de ter a sabedoria de reconhecer os tipos de semente, aprender a discernir as boas das ruins. Para não cometer duas vezes o mesmo erro de plantar espinho em vez de flores."

Será possível?

As flores e os espinhos se completam. Onde nasce a pedra, nasce também o inatingível, a beleza de uma tarde sertaneja, da correnteza da chuva que acabou de cair. Nada é só pedra, nada é só espinho. Disponível em: http://cultura-na-moda.blogspot.com/

20 de dezembro de 2007

POEMA DE NATAL

Vinícius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,

Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrêla a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.

27 de março de 2007

Tempo, tempo, tempo...

Luiza Helena
Ainda estou presa nas armadilhas do tempo...

Me pergunto como posso prosseguir se nunca tenho tempo suficiente pra fazer as coisas que gosto, infelizmente tenho demorado tanto tempo fazendo as coisas que são necessárias, satisfazendo as exigências da família e da sociedade, correndo atrás do tempo perdido que não volta mais... Quando chegará a minha vez, o meu tempo de ser feliz de satisfazer os meus desejos e necessidades?
Preciso dormir cedo pra trabalhar cedo. Que pena! Nem posso ficar namorando a linda lua que brilha reluzente ofuscando as pequeninas estrelas encantadoras e misteriosas...
Preciso correr pra não chegar atrasada no serviço. Mal posso cumprimentar o vizinho que passa apressado a caminho da padaria a buscar o pão pra sua família...
Pego o carro e saio apressada. Nem posso observar o brilho do sol que desponta em um céu tão azul que me ofusca, muito menos o passarinho que voa deixando sua marca no meu para brisa...
Mas que coisa chata! O semáforo tinha que estar vermelho justamente nessa hora? E porque justamente eu, porque justamente agora, mais um sinal fechado, parece que o tempo conspira contra meu desejo de chegar pontualmente no serviço... Que pena! Despertar da minha reflexão matutina com a buzina do carro de trás que me ultrapassa apressado como ele só.
Sou rebelde! Não tenho jeito mesmo! Eu teimo em ficar reparando a beleza das pequenas coisas do mundo e da vida e me perco no caminho, (muitas vezes literalmente) e me vejo retornando pra pegar o caminho certo e sentindo a angústia crescendo em meu peito e o atraso aumentando no relógio. Não posso ser escrava do tempo!
Não quero obedecer o ritmo louco imposto pela rotina social e pelas normas de trabalho. Muitas vezes num piscar de olhos, nem vejo o tempo passar. Pôxa! Já é segunda feira novamente! Nem descansei bastante, nem ouvi pássaros cantando, nem abracei minhas filhas hoje, nem senti a suave brisa entrando pela janela e desarrumando carinhosamente meus cabelos.
Vivo chegando atrasada nos lugares, nos amores, nos parques, na vida...
Tenho tempo pra sorrir? Sim! Tenho tempo pra amar? Sim!
Tenho tempo pra gostar de viver? Tenho sim, senhor!
Me recuso a deixar passar esse tempo tão precioso, tão gostoso, minha infância, juventude... Não posso crer que completei 40 anos! O que foi que fiz, o que vivi nesse tempo?
Meu corpo se recusa a acreditar, me revolto, me rebelo e teimo em viver cada dia como se fosse o último, o único, com tamanha intensidade que nem me importo mais quando dizem que cheguei atrasada novamente...

16 de janeiro de 2006

Eu sei mas não devia


Às vezes eu fico pensando, pensando...
Queria escrever, descrever ou explicar às pessoas o que eu penso e acredito; só que eu fico muito confusa com as palavras e nem eu mesma entendo o que eu escrevo, às vezes. Gosto muito de ler, leio tudo que chega ao meu alcance: jornal, revista, internet, panfleto de propaganda e até bula de remédio. Acho que adquiri este hábito por estar sempre buscando respostas para as perguntas que eu fazia e as pessoas não podiam me responder. Tenho uma curiosidade sem limites e até já tive problemas por causa disto. Nesta semana eu estava por aí lendo e encontrei um texto que achei muito interessante, só mesmo uma poetisa como Clarice Lispector para conseguir expressar um sentimento comum a tantas pessoas. Gostaria muito de dizer outras coisas hoje; mas me identifiquei muito com essas palavras...

EU SEI, MAS NÃO DEVIA
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduiche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Clarice Lispector

27 de dezembro de 2005

Tempo chuvoso

Hoje o dia amanheceu até bonitinho, mas logo apareceram aquelas nuvens cinza escuro, pra não dizer negras.
Vocês já perceberam como às vezes o dia parece cinza mesmo antes de chover? Estou falando não só do tempo físico, clima, temperatura, previsão do tempo; estou falando do tempo emocional. Os nossos sentimentos às vezes se parecem com a natureza, ou serão influenciados pela estação do ano?
Não sei bem o que eu quero dizer, mas parece que quando eu estou triste, vejo tudo à minha volta como se fosse cinzento, negativo. Se chover então...
No dia ensolarado, parece que eu fico um pouco mais alegre, aberta a novas experiências, com expectativas otimistas...
Existem pessoas que dizem: levantar da cama com o pé esquerdo dá azar, ou coisa parecida. Eu não acredito em superstições, mas já percebi que quando estou um pouco "pra baixo", ou meio deprimida, parece que todas as circunstâncias favorecem o acidente, o desastre, ou a confusão.
Um exemplo do que eu estou falando é, se você tem uma ferida em determinada parte do corpo, tudo bate, cai ou machuca aquela parte do corpo. Acho que vocês já perceberam isso também...
O cunhado, primo ou colega de trabalho "precisa" te dar aquele abraço apertado justamente quando você voltou de férias todo queimado de sol. Quando eu tropeço e machuco o dedão do pé, parece que todo sapato aperta, tudo cai exatamente naquele dedão, até quem nunca pisou no seu pé neste dia acerta!
E acho, não sei bem, eu penso (às vezes), que emocionalmente esse fenômeno também acontece, se você está meio triste, meio nervoso, ou meio alguma coisa, diversas outras coisas acontecem...
Se você não melhorar, vai piorar de vez.
Não pensem que eu estou pessimista hoje, mas acho que estou especialmente sensível a perceber as nuvens cinzas do céu. Até já choveu e enquanto eu chorava, assistia a chuva caindo na janela do serviço...
Parece até que atrai, se estou triste fico reparando no incêndio que ocorreu hoje na cidade, o carro batido que atrapalha o trânsito, o telefone que não pára de tocar, no trabalho as pessoas ficam mais exigentes na razão inversa da sua disponibilidade. Atrasos são acentuados por buracos e pedras no caminho. Ônibus lotado, quebrado, cadeira suja ou estragada justamente quando você está arrumado para aquele compromisso importante.
Acho que não sei mais o que eu estou escrevendo... O que eu sei é que este espaço existe pra se colocar as ideias e pensamentos, argumentos e discussões. Aproveitando esta ideia eu estou colocando aqui o que me perturba neste momento para não precisar mais pensar sobre isso hoje.
Estou esvaziando minha cabeça dos pensamentos trouxas que eu teimo em carregar comigo. Sei que este espaço não é lata de lixo, mas meus pensamentos à toa também não são tão ruins assim! O que estou descrevendo se parece com aquela lei de Murphy (ou será outro nome?) que diz que sempre pode ficar um pouco pior, se tudo estiver meio torto poderá ficar mais torto ainda.
Espero poder escrever em dia próximo sobre o inverso desta lei, pois quando estou otimista, até parece que as coisas ficam mais fáceis, Poliana pode bem explicar o que eu estou dizendo.
Sei que o mundo é colorido, cinzento, branco ou negro, dependendo de quem olha, e como olha.
Não existem coincidências, e nem acaso, acredito que todas as coisas na vida humana têm uma causa e, de acordo com nosso livre arbítrio, uma consequência inevitável.
Concordo quando dizem que colhemos o que plantamos, mas às vezes eu gostaria de ter a ajuda de alguém que me ensinasse a reconhecer os tipos de semente, a discernir as boas das ruins. Para não cometer duas vezes o mesmo erro de plantar espinho em vez de flores.
Ao final do dia cinzento e chuvoso eu reconheço que valeu a pena viver mais este dia. Espero com a graça de Deus amanhecer novamente amanhã; quando abrir os olhos, logo cedo, vou agradecer a oportunidade de escrever novamente, descrever as cores e continuar construindo esta história, que já começa meio torta, mas é verdadeira. Uma vida perdida procurando achar o rumo certo a seguir.