22 de setembro de 2006

Uma música pra mim

Encontrei uma música, parece que foi feita pra mim.
Ainda não ouvi, mas sua letra é linda e simboliza o momento que estou vivendo.
Chama-se "Meu jardim" e foi escrita por um músico chamado Vander Lee

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minha fonte, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando de mim

23 de julho de 2006

Que saudade!!!

Luiza Helena
Faz muito tempo que não escrevo...
Eu tinha prometido só voltar a escrever quando tivesse novas histórias para contar.
Acho que já tenho saboreado novas esperiências, em breve voltarei em novas postagens, para compartilhar as oportunidades de superar novos desafios que minha capacidade de resiliência tem me permitido usufruir.
Que Deus nos abeçoe, hoje e sempre!

20 de fevereiro de 2006

Dirigindo a própria vida! 2


Pois é, como eu ia dizendo...
Queria ter o direito de dirigir a minha própria vida...
Cheguei na autoescola concentrada e decidida, estava na chuva pronta pra me molhar e disse a mim mesma: "É agora ou nunca!".
O professor era jovem e parecia seguro, me falou que o medo é normal, o carro é um veículo perigoso e que "todas" as pessoas ficam inseguras na primeira vez. Quis recuar, sair correndo, voltar atrás, mas já era tarde, já tinha pago e não podia ficar no prejuízo. Olhei pra ele enquanto me perguntava o que eu sabia fazer e meu olhar assustado respondeu por mim. O professor me explicou que o carro de autoescola é diferente, tem pedais auxiliares para controle do veículo no caso de algum erro do aluno. Havia outra pessoa no carro que era o aluno da aula anterior à minha e teríamos que deixá-lo em casa.
Saímos da faculdade, onde eu estudava, eram 11 horas e teria que dirigir até o Cruzeiro (cidade do DF). Fiquei incrédula quando o professor falou para eu conduzir o carro. Tremi, suei, me agitei, mas ele me garantiu que eu conseguiria. O aluno confirmou que eu conseguiria, pois ele achou que não daria conta e havia acabado de conseguir...
Então eu fui, assustada, cheia de ousadia, confiando na experiência do professor, controlando a ansiedade e o medo, segui dirigindo o carro pelo eixo Monumental em direção ao Cruzeiro e em meio a um trânsito repleto de pessoas atrasadas e cansadas da correria diária. Em um cruzamento, enquanto aguardava a oportunidade de seguir meu caminho, um veículo avançou rapidamente pela direita, me ultrapassou e no susto deixei o carro morrer. O instrutor me pediu para continuar e parar no próximo acostamento. Neste momento, depois do susto comecei a chorar copiosamente, soluçava, tremia e suava muito. O instrutor continuou tranquilo, só observando e esperando. Depois de alguns minutos fui parando de chorar, respirando mais devagar, quando o professor me perguntou: "Está melhor agora? Vamos continuar?"
Faltava pouco para acabar a aula, estávamos chegando no meu serviço, estava cansada e com muito calor. Antes que eu fosse ao banheiro, as colegas que eu encontrava comentavam que eu estava vermelha. Comecei a me coçar e sentir um mal-estar. A Médica do serviço passou por mim e quando me viu foi logo perguntando se eu tinha comido algo diferente ou se tinha alergia a alguma coisa, pois estava apresentando sinais de choque anafilático. Ela me medicou e fiquei em repouso até melhorar completamente. Na época a explicação para aquela reação foi o estresse causado pela aula de direção e a minha necessidade de manter o controle. Meu corpo reagiu de forma acentuada ao medo e à exposição ao risco.
Depois daquele dia, as aulas foram menos assustadoras e fui percebendo que conseguiria, finalmente, tirar a carteira de motorista para poder escolher quando e para onde gostaria de ir. Por mais que pareça improvável, consegui passar na prova de direção. Hoje tenho habilitação tipo B, licença para dirigir veículos automotores e posso me conduzir para onde quiser e até posso dar carona para as colegas de trabalho.
Quem me vê ao volante nem imagina a dificuldade que foi superar meus medos e me acostumar a enfrentar a batalha de vida e morte que se tornou o trânsito.
Tenho como lição a dor e a delícia de enfrentar o medo e me sentir capaz de vencer obstáculos físicos e emocionais. Sei que posso, é difícil, vale a pena lutar e sofrer as consequências, correr o risco de acertar. Talvez, errar na primeira vez, mas desistir jamais!

OBS.: Link pra Primeira Parte do texto

3 de fevereiro de 2006

Dirigindo a propria vida!

Sempre gostei de andar de carro, mas sentia medo de dirigir, por isso sempre fui conduzida por alguém. Aos 30 anos, já casada e com duas filhas, morava longe do trabalho e da escola delas. Andava de ônibus, nunca tive problemas por causa disso. Morava no Gama (cidade satélite de Brasília-DF) e trabalhava no plano piloto, eram 38 km de distância e demorava cerca de 40 minutos na estrada. Minhas filhas tinham 3 e 5 anos, estavam crescendo e ficando pesadas. Quando ambas dormiam na viagem de volta pra casa à noite, eu carregava as duas meninas uma em cada ombro. Meu marido conseguiu finalmente comprar um carro e eu precisava adaptar meus horários para aproveitar a carona. Ele quis me ensinar a dirigir para que eu pudesse aproveitar melhor o nosso veículo.
Sentia muito medo de dirigir, achava que não conseguiria conduzir o carro, e ter o controle da direção parecia muito difícil. Minha insegurança não permitia que eu acreditasse que poderia ser uma boa motorista (eu "preciso" sempre fazer as coisas da melhor forma possível). Sentia medo de errar, causar um acidente ou prejudicar alguém. Quando meu esposo se propunha a me ensinar a dirigir, íamos a lugares amplos e desabitados para diminuir os riscos de acidentes com terceiros. Mas sempre sentia aquelas sensações típicas de quem sofre de uma fobia. A preocupação, tensão e nervosismo sempre atrapalhavam as minhas aulas. Ele começava bem calmo, falando baixo e cuidadoso; mas, à medida que comprovava as minhas dificuldades e deficiências, cada vez que eu errava ele ia ficando mais e mais nervoso, preocupado e claramente demonstrava falta de confiança na minha competência. Esse comportamento do meu marido era somado à minha insegurança básica e ficava mesmo muito assustada, errava e achava impossível eu conseguir dominar o carro, pensava que nunca conseguiria fazer o carro seguir por onde eu queria, pôxa, eram tantas coisas pra controlar ao mesmo tempo...
A minha necessidade de aprender a dirigir aumentava à medida em que as coisas ficavam mais difíceis, quando aconteciam greves de ônibus, engarrafamentos ou acidentes. Precisava realmente aprender a conduzir um veículo, precisava dirigir a minha vida, mas eu não sabia como. Estava muito cansada de ser conduzida, guiada, cansada de depender de outros para ir aos lugares em que queria ir.
Um dia recebi um pagamento atrasado de um emprego anterior, um valor considerável que eu nem imaginava que receberia um dia, resolvi dedicar esse dinheiro para pagar aulas de autoescola e tirar a carteira de motorista de uma vez por todas. Decidi experimentar a autoescola depois de várias tentativas frustradas e cansada de ouvir falar que era incompetente e nunca conseguiria dirigir. Me inscrevi e fui à primeira aula cheia de expectativas e insegurança, precisava acabar com aquela dificuldade em conduzir um automóvel.
Continua ...

Um grande beijo:


Ana Luiza e Amanda, meus amores.
Sou mãe de duas lindas moças que me dão muitas alegrias.

24 de janeiro de 2006

Medo, eu? Não! Sou Rebas do Cerrado!

Outro dia fui ao dentista, reparei que fazia muito tempo que eu não fazia uma visita... O dentista me perguntou se eu tenho medo. Eu confirmei que tenho medo, mas o problema não era o medo. Eu disse: "eu sempre tenho medo, enfrento e depois aguento as consequências..." Já fiz muitos tratamentos odontológicos em circunstâncias diferentes, todas as vezes o sofrimento durante e depois foi terrível e eu custei muito a superar.
Eu sempre tive muitos medos: de escuro, assalto, dor, perdas, medo do desconhecido... (eu não consegui listar os meus medos... a lista parecia muito maior!) Percebi, que mesmo sentindo medo eu fui em frente, por diversas vezes eu parei ao prever o risco, a ameaça e temendo, demorei a tomar uma decisão; mas, depois eu aprendi a enfrentar o medo. Não estou dizendo que sou "super corajosa", mas, apenas dou um jeito de seguir adiante, correr o risco, pode até ser que dessa vez seja diferente...
Ao evitar a "dor" que é consequência de algum procedimento cirúrgico ou odontológico eu acho que estou evitando também outras dores inevitáveis, consequências de enfrentamentos e discussões. Nos relacionamentos humanos, muitas vezes, sentimos medo: de aproximar, puxar conversa, conhecer, decepcionar ou sofrer, por exemplo. A timidez muitas vezes é a explicação para o medo de não ser aceito.
Eu, particularmente, odeio pensar na possibilidade de magoar alguém, ofender, trair, esquecer, não ser aceita... Muitas vezes fui contida, reprimida por essa causa. Simplesmente, ia guardando as coisas, evitando o confronto durante muito tempo e finalmente, um dia, quando já não aguentava mais, explodia, falava, gritava, esperneava; como se aquela pequena gota d'água tivesse feito transbordar uma represa inteira...
Sei que sou teimosa, persistente, não desisto facilmente de alguma coisa, às vezes sistemática, colocando as coisas sempre no mesmo lugar, na mesma posição, automaticamente fazendo algumas coisas da mesma maneira. Uma alteração na rotina, às vezes, me perturba um pouco, mas não tanto quando a rotina se prolonga por muito tempo. Eu gosto muito de sair da rotina, fazer coisas novas, ir a lugares diferentes, "errar o caminho" quando estou dirigindo. Me dá uma alegria, descobrir um caminho novo, experimentar novos sabores, lugares e conhecer novas pessoas... (Ihh! Acho que me perdi, fui mudando de assunto até chegar aqui, acho que isso deve significar alguma coisa..., não sei!)
Estava falando sobre o perigo de magoar pessoas, ofender. Nunca gostei de correr o risco de ferir alguém com minhas atitudes ou palavras. Também, quem é que gosta de ser rejeitado, magoado ou ofendido por uma pessoa que nem conhece ainda! Vivia pensando no quê as pessoas esperavam de mim, se iriam gostar, me aceitar como eu sou. Então, defender a opinião quando ela é diferente, para mim, parece ser muito difícil! Dizer que não concordo, que penso de outra maneira, que do meu ponto de vista, eu acho... parece mais difícil do que fazer um concurso com teste físico, trabalhar o dia todo depois do plantão ou depois de passar a noite acordada digitando um trabalho da faculdade!
Já fui muito ousada, arisca e aventureira. Fiquei triste quando percebi que já tinha sido usada ou prejudicada por querer ajudar as pessoas a qualquer custo. Parece que o medo de sofrer aprisiona a pessoa na timidez, solidão; mas a ousadia de querer fazer parte da vida de outras pessoas pode trazer consequências piores que a dor do tratamento de canal!
Recentemente, descobri que andar de bicicleta em estradas de terra é muito bom! O Montain Bike é um esporte radical e muito instrutivo, vou explicar...
Quando estou percorrendo uma trilha pela primeira vez eu não sei o que me espera pelo caminho, não sei se a ladeira será difícil, ou se na descida terá muito cascalho. Será que depois daquela curva a estrada estará melhor ou pior, será que vou conseguir completar o percurso, será que vou cair... ou não.
Estou participando de um grupo de ciclistas chamado Rebas do Cerrado, as pessoas se reúnem para fazer passeios de bicicleta por caminhos inesperados. Cada trilha tem seu percurso, planilha de orientação, mas sempre, sempre acontece alguma coisa diferente. Conhecemos pessoas diferentes, compartilhamos estreitos espaços e corremos muitos tipos diferentes de riscos em caminhos de dezenas de quilômetros. Só que o incrível acontece! O inesperado, o surpreendente, a queda, o machucado não impedem que voltemos a nos encontrar na próxima trilha.
Em muitos momentos pedalo sozinha, a minha frente uma enorme colina se apresenta muito perigosa, cascalho solto, valas, pedras no caminho; mas, eu consigo seguir, sem saber se vou me machucar, se vou chegar ao fim inteira! Muitas vezes caí, me machuquei, precisei pedir ajuda, resgate... por incrível que pareça, passo a semana inteira aguardando o próximo encontro, desafio, conquista.
O grupo é grande, já somos mais de mil inscritos, não sei o nome de muitas pessoas, nem sempre reencontro as mesmas que conheci na semana anterior. Uma coisa me fortalece, eu sei que alguém estará lá para me dar a mão, gritando "Foto!", me ajudando a levantar, sacudir a poeira e continuar pedalando pelo caminho, perigoso mas seguro...
Parece que o perigo aumenta a satisfação de concluir o percurso. .. A união do grupo, amizade, apoio de quem nunca vi antes, me fortalecem e consigo enfrentar o desafio, a superar meus limites físicos e emocionais, a construir redes de relacionamento que me ajudam a sair da depressão, da solidão.
Já não tenho medo de ousar, de conhecer pessoas, não sei o que elas vão pensar de mim, não sei que que partido são e nem qual é o time do seu coração... Não sei a profissão, se tem filhos, se gostam de comer jiló...
Só sei que estão lá, reunidos por um lema que diz tudo: "Pedalando ou empurrando, chegamos lá!"
Espero, sinceramente, empurrar menos e pedalar mais, subindo as ladeiras sem desistir, completando o percurso mesmo depois que tiver caído, me levantar e compartilhar a alegria de aprender a viver!

16 de janeiro de 2006

Eu sei mas não devia


Às vezes eu fico pensando, pensando...
Queria escrever, descrever ou explicar às pessoas o que eu penso e acredito; só que eu fico muito confusa com as palavras e nem eu mesma entendo o que eu escrevo, às vezes. Gosto muito de ler, leio tudo que chega ao meu alcance: jornal, revista, internet, panfleto de propaganda e até bula de remédio. Acho que adquiri este hábito por estar sempre buscando respostas para as perguntas que eu fazia e as pessoas não podiam me responder. Tenho uma curiosidade sem limites e até já tive problemas por causa disto. Nesta semana eu estava por aí lendo e encontrei um texto que achei muito interessante, só mesmo uma poetisa como Clarice Lispector para conseguir expressar um sentimento comum a tantas pessoas. Gostaria muito de dizer outras coisas hoje; mas me identifiquei muito com essas palavras...

EU SEI, MAS NÃO DEVIA
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduiche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Clarice Lispector