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2 de abril de 2022

Autoamor? Metamorfose?

Autoamor, autoestima, autocuidado parecem palavras tão bonitas! Pena que não cheguei a aprender a porção mais básica "auto".

E eu que sofri alienação, autoabandono, autopiedade, automutilação e sofrimento autoaflingido.

Preciso urgentemente aprender e aplicar autocomáixão, misericórdia comigo mesma e ao que sobrou de meus sonhos falidos e desprezados...

O que eu faço? Por onde começo? Preciso respirar...

Conectar, ouvir, aceitar, acolher... se eu só aprendi a fazer isso pelo outro, como faço agora pra fazer pra dentro? comigo mesma?

Parece que a disciplina que me ajudou a conquistar e superar tantos desafios, fazem falta agora que tanto preciso.

Minha vida de lagarta rastejante e insignificante parecia tão mais fácil... As colegas que rastejavam ao meu lado já estão por aí voando como belas borboletas!

Será que estou atrasada? Será que ainda tenho tempo? Será que vou conseguir? Mas onde quero chegar? Pra onde devo ir? Qual será o plano de vôo e antes disso, como faço pra me libertar dessa carapaça que me prende? Como faço pra sair desse casulo se não sei pra onde posso ir?

Porque não consigo fazer por mim o que fiz tanto pelos outros? O apoio, o incentivo, as palavras afirmativas... Cadê o que eu posso fazer por mim, por que parece tão difícil? 

Porque não consigo ouvir o que tantas vezes eu disse para o outro?

Iniciativa, atitude, superação... Me ajuda a conectar com meu centro, minha sabedoria interior, minha verdade...

Jesus, Deus, universo, me ajuda! Dai-me forças e coragem pra fazer toda a transformação que eu necessito fazer pra sair desse casulo e aprender a voar!

LuelenaDolls

Não sei ...

Quem me dera eu pudesse pensar só em mim mesma e fazer apenas o que eu tivesse vontade...

Nem sei porque preciso viver nesse ritmo tão lento!..

Queria acelerar, andar a passos largos como quando eu caminho, mas preciso respirar, aceitar que meu corpo precisa de cuidados. Já não tenho 20 anos, naquela época eu conseguia impor um ritmo intenso pra conseguir alcançar minhas metas. Caprichava no hiperfoco, não precisava comer e nem dormir, só me esforçar pra atender meus objetivos. 

Consegui! 

Alcancei meus próprios limites, fui além. Realizei sonhos que eu pensava serem meus... Fiquei orgulhosa do meu sucesso e conquistas. 

Mas depois, percebi que "não era bem isso que eu queria" e foi necessário abandonar aquelas divisas e começar novamente do início...

Muitos sonhos realizados depois, quando me encontro cansada e triste, percebo que lutei e venci batalhas que não eram minhas...

As pessoas que foram atendidas pelo meu esforço e sacrifício já não sonhavam aqueles sonhos que consegui realizar e a gratidão não veio. "Você fez aquilo tudo porque quis, eu não pedi nada disso!"

Fracassei tentando ajudar entes queridos a alcamçarem seus sonhos e realizações. Pensei que seria feliz se fizesse exatamente o que me pediam, mas me frustrei ao perceber que as pessoas não sabiam o que queriam.

Gastei tempo, força e energia com a sobrevivência enquanto pensava que estava fazendo o bem. Mas não tinha ninguém fazendo o mesmo por mim.

Agora que acordei do pesadelo aque se tornou minha vida insana e corrida, não sei mais o que fazer? Não me conheço mais, pois não sou a menina que fui e nem me tornei a pessoa que desejava ser.

Tenho frutos pra colher, plantei e trabalhei bastante pra cuidar da minha horta e pomar, mas estou sem energia para transformar os frutos em alimentos e recursos pra minha alma faminta dos afetos que disperdicei com as pessoas que se foram em busca de seus próprios sonhos.

Agora que parei, acordei, abri meus olhos e ouvidos só ouço minha carne rangendo e doendo a falta de cuidados próprios.

Busco ajuda e todos são unânimes em confirmar:

"Cuide-se! Agradeça! Conect-se consigo mesma... " 

Minha mente, corpo e espírito anseiam pelos cuidados que dediquei aos outros!

LuelenaDolls

3 de dezembro de 2021

Minha história educativa 2

Uma história sobre enganos e frustrações...

Eu tinha muita curiosidade e tudo queria saber.

Ficava fascinada enquanto andava pela cidade e olhava em redor, por todo lado via figuras e letras, grandes, pequenas ou coloridas. 

Tinha descoberto o mundo, e fazia questão de demonstrar que sabia decifrar aquele montão de sinais. 

Não existiam mais mistérios para mim, lia revistas, livros e até bulas de remédio. 

Se perguntasse a alguém alguma coisa e não obtinha uma resposta válida buscava enciclopédias e dicionários.

Pensando bem, não me recordo do nome de professores e mestres, porém, lembro bem das dificuldades e desafios que me mantinham sempre em alerta para descobrir  coisas novas. 

Talvez este esquecimento seja um mecanismo protetor para mim ou para aqueles que me provocavam, estimulavam, frustraram ou simplesmente não fizeram diferença na minha ambição de ler e compreender o mundo em que eu vivia.

Mais que ler, o desafio maior era reproduzir aquelas palavras, desenhar as letras, ou escrever o que tivesse vontade de comunicar. 

Minha primeira frustração escolar foi por volta da segunda série primária, estudei em uma escola pequena e simples em que muito pouco eu aprendia de novo, muitos exercícios de ditado e copiar números e letras. 

Preenchia muitas laudas de cadernos quadriculados ou pautados, tinha muita determinação, minha mão e punho doíam, mas eu só parava quando via a tarefa concluída.

Pois bem, tirava boas notas e fazia sucesso na escola, quando aprendi a teoria da relatividade. 

Muito antes de conhecer o famoso Einstein, eu sofri uma grande perda quando meu pai me levou a uma famosa escola católica que por sorte era bem perto de nossa casa. 

Fiz uma prova para ser admitida na terceira série. 

Cheia de alegria, pensei que seria muito fácil, pois eu sabia responder todas as perguntas e resolver todos os exercícios que os professores da minha escola faziam. Ledo engano! 

Quando vi aquelas páginas de prova, repletas de palavras que nunca tinha lido e contas de multiplicar e dividir eu suei, sofri e chorei. 

Todo meu esforço tinha sido em vão. Como eles ousavam fazer aquele tipo de pergunta a uma criança de sete anos? 

Eu nunca tinha visto na minha vida continhas de somar com três números e ainda não tinha decifrado aquele negócio de divisão.

Não fui aprovada, e logo me vi matriculada numa escola municipal, mas nunca me conformei com aquele resultado. 

Esforcei-me e busquei aprender tudo o que podia, lia os livros da orelha à contracapa, adorava aqueles que traziam um glossário ao final. 

Completei a terceira e a quarta série tendo em mente que ainda estudaria naquela escola que ficava vizinha de muro com a minha casa. 

Pedi ao meu pai que me levasse novamente lá para fazer a prova para a quinta série e obtive êxito.

Finalmente fui admitida e finalmente eu assimilei que tudo depende do referencial: na primeira escola eu era ótima, mas não aprendia nada; na segunda escola eu não me limitei ao conteúdo oferecido pelos professores, já não confiava na competência deles.

Naquela escola que era reconhecida pela boa formação, muitos e maiores desafios eu encontrei, e muito mais que isso, professores preparados, material didático e recursos muito interessantes, uma biblioteca incrível, aulas de artes e música. 

Valeu a pena o esforço! 

Descobri porque era necessário fazer prova pra entrar, era por causa da bolsa de estudos, sem essa oportunidade meu pai não poderia me matricular. 

Aproveitei bastante! 

Aprendi, então, que meu pai não tinha podido completar os estudos e sonhava em dar essa oportunidade as suas filhas.

7 de setembro de 2009

Tantas escolhas, qual a direção?


Luiza Helena
Já contei aqui no blog a história de quando aprendi a dirigir e como conquistei minha carteira de habilitação (CNH) à custa de sacrifício e suor. Pois bem, muitas coisas se sucederam desde então, e à medida que o tempo passa, fui encontrando muitos obstáculos e desafios. Entre estes caminhos vivi histórias de acidentes e recuperação, pequenas tristezas e grandes alegrias. Muitas vezes pensei em desistir diante das acusações e julgamentos das pessoas. Para conduzir um veículo automotor pelas ruas e avenidas da cidade não basta apenas estar legalmente autorizada, é preciso uma boa dose de ousadia e muita sabedoria.
O trânsito nas cidades urbanas é reconhecidamente complexo e turbulento. Muitos veículos, ruas estreitas e mal conservadas geram uma série de distúrbios e conflitos. Diante da urgência e correria da rotina diária, inúmeras pessoas querem chegar cada vez mais depressa nos lugares e compromissos. Ninguém gosta de esperar, e todos querem ser os primeiros a chegar. Como consequência, observamos congestionamentos quilométricos, ônibus superlotados e as pessoas (motoristas, passageiros e pedestres) ficando cada vez mais aborrecidos e estressados.
Conheço quem diga que o trânsito é uma selva onde reina o maior e mais forte (ou mais rápido), porém eu me empenho em acreditar que vivemos nossas vidas como conduzimos nossos veículos. Refletindo percebo que existem pessoas gentis conseguindo dirigir de forma pacífica respeitando as normas enquanto outras pessoas mal humoradas e rancorosas percorrem as ruas acelerando seus veículos e ultrapassando todos os limites de tolerância e boa educação. Não podemos imaginar qual o temperamento ou a motivação da pessoa que está na faixa de rolagem ao nosso lado, qual desconforto ou desespero incomoda o motorista que pisca o farol insistentemente, ou qual dor ou agonia aflige aquele motorista que não pára de buzinar. Nem mesmo sei porque as vezes sou tão lenta e outras vezes estou tão acelerada...
No meu romantismo cheguei a acreditar que minha determinação e força de vontade (motivados pela necessidade básica de morar e viver numa cidade onde as distancias são longas e os caminhos largos) seriam o suficiente para me amadurecer emocionalmente e me habilitar a dirigir minha própria vida para onde e quando eu quisesse. Doce ilusão! Estudei o código nacional de trânsito, frequentei a escola do DETRAN, passei na prova escrita e também na situação mais difícil: a prova prática de direção. Ok. Recebi minha CNH, mas não basta apenas eu fazer as coisas certas, cuidar do meu automóvel, respeitar a sinalização e conhecer os caminhos... Ninguém dirige sozinho (apesar de uns e outros decidirem que são os donos da rua). Quando sigo no meu Fiat com toda a documentação organizada e meus impostos em dia, nunca saberei o que me espera no próximo cruzamento, muito menos poderei imaginar o que se passa na cabeça do outro motorista. Não sei se está alegre ou triste, saudável ou doente, muito menos se está plenamente no controle dos seus reflexos. Não sei se é experiente, se irá sinalizar numa flexão ou se respeitará a faixa de pedestres. Mesmo estudando Psicologia, e fazendo psicoterapia não posso dirigir por mim e pelos outros.
No DETRAN nos ensinam a direção defensiva, recebemos dicas de como evitar situações constrangedoras e acidentes, mas nem sempre estaremos preparados para escapar de motoristas alcoolizados, amargurados ou suicidas.
Se eu imaginasse quantos riscos eu estaria correndo ao longo da vida, não teria lutado pra sair da barriga da minha mãe. Teria desistido antes e perdido inúmeras possibilidades de sucesso. Só é derrotado aquele que não luta. Quero apenas o direito de escolher meu próprio caminho, seguir as pistas para encontrar a felicidade, curtindo bem a viagem e aproveitando da melhor forma possível as oportunidades de relacionamento e desenvolvimento do meu potencial humano. Sem ferir ou ameaçar, sem transgredir ou desrespeitar, sem abusar das pessoas e sem desperdiçar a oportunidade de continuar viva.


Para aprender mais sobre sinalização visite o Detran do seu estado ou siga direto pros links abaixo:
O site das placas: http://aimore.net/placas/geral.html 
Detran- BA: http://www.detran.ba.gov.br/educacao/regulamentacao.php
OBS.: Deixei alguns links interessantes no texto, basta clicar e boa leitura.

19 de agosto de 2009

Que livro é você?

Se você fosse um livro nacional, qual livro seria?
Um best-seller ultra popular ou um relato intimista?

Fiz um teste e gostei muito do meu resultado, foram dois livros muito interessantes que ainda não li, mas já estão na minha listinha de prioridades.
Outra coisa interessante, por causa da indicação da minha amiga Grace Olsson eu conheci o teste e também um portal muito legal chamado Educar para Crescer, como também conheci o blog Pensieri. Ambos falam sobre assuntos que me interessam muito: leitura e educação.

Meu resultado:

"Antologia poética", de Carlos Drummond de Andrade
"O primeiro amor passou / O segundo amor passou / O terceiro amor passou / Mas o coração continua". Estes versos tocam você, pois você também observa a vida poeticamente. E não são só os sentimentos que te inspiram. Pequenas experiências do cotidiano – aquela moça que passa correndo com o buquê de flores, o vizinho que cantarola ao buscar o jornal na porta – emocionam você. Seu olhar é doce, mas também perspicaz. "Antologia poética" (1962), de Drummond, um dos nossos grandes poetas, também reúne essas qualidades. Seus poemas são singelos e sagazes ao mesmo tempo, provando que não é preciso ser duro para entender as sutilezas do cotidiano.


"Doidas e santas", de Martha Medeiros Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não. A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.

8 de julho de 2009

Refletindo sobre Resiliência

Alguns temas que acho interessante estão sempre voltando à minha mente. Uma das coisas que mais me dá prazer é aprender, por isso estou sempre pesquisando e buscando novos conhecimentos. Esta semana uma pessoa fez um comentário aqui no blog na postagem sobre resiliência "Como eu gostaria de ser deste jeito!".
Apesar de anônimo, o comentário me sensibilizou, e para ajudar a esclarecer um pouco mais, estou postando um texto de uma colaboradora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que achei interessante.
RESILIÊNCIA

Professora Sandra Maia Farias Vasconcelos, Dr.

Há mais de quarenta anos, a ciência tem-se interrogado sobre o fato de que certas pessoas têm a capacidade de superar as piores situações, enquanto outras ficam presas nas malhas da infelicidade e da angústia que se abateram sobre elas como numa rede engodada. Por que certos indivíduos são capazes de se levantar após um grande trauma e outros permanecem no chamado fundo do poço, incapazes de, mesmo sabendo não ter mais forças para cavar, subir tomando como apoio as paredes desse poço e continuar seu caminho?
As experiências e estudos feitos têm mostrado algumas explicações científicas sobre esse fato. A biologia defende o ponto de vista de que cada ser humano é dotado de um potencial genético que o faz ser mais resistente que outros. A psicologia, por sua vez, dá realce e importância das relações familiares, sobretudo na infância, que construirá nesse indivíduo a capacidade de suportar certas crises e de superá-las. A sociologia vai fazer referência à influência do entorno, da cultura, das tradições como construtores dessa capacidade do indivíduo de suplantar as adversidades. A teologia traz um aporte diferente pela própria subjetividade transcendente, uma visão outra da condição humana e da necessidade do sofrimento como fator de evolução espiritual: o célebre “dar a outra face”.
Mas foi o cotidiano das pessoas que passam por traumas, que realmente atravessam o vale das sombras, o que realmente atraiu a curiosidade de cientistas do mundo inteiro. Não são personagens de ficção que se erguem após a grande queda; são homens, mulheres, crianças, velhos, o indivíduo comum do mundo que retoma sua vida após a morte de um filho, a perda de uma parte de seu corpo, a perda do emprego, doenças graves, físicas ou psíquicas, em si mesmo ou em alguém da família, razões suficientes para levar um indivíduo ao caos. Esses que são capazes de continuar uma vida de qualidade, sem autopunições, sem resignação destruidora, que renascem dos escombros, esses são seres resilientes.
A resiliência é um termo oriundo da física. Trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. Esse termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma, a resistência do indivíduo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contradições sociais, que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do indivíduo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.
Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro indivíduo, e essencial para o salto qualitativo que se dá. Alguns autores nomearam essas pessoas: Flash chamou-o mentor de resiliência; Cyrulnik chamou-o tutor de resiliência; muito antes Bolwby chamou-o figura de apego. Denominações a parte, a resiliência ganha hoje seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc.
Mas não se forma um mentor/tutor/figura de apego. Não se pode dizer que alguém vai ser a partir de agora esse indivíduo que vai chegar para operar o milagre. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor, ideias e conceitos que entram sorrateiramente nas ciências como causa e efeito, intervenção e resultado, hipótese e tese de que as relações intra e inter-humanas são relações que ultrapassam o rigor do empirismo para encontrar o acaso.
Fonte: VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. Anais do 58ª Reunião Anual. SBPC. Disponível em:
http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/CONF_SIMP/textos/sandravasconcelos-resiliencia.htm

14 de abril de 2008

Palavrão!

Tenho vívida lembrança de como ficava curiosa a desvendar os mistérios das palavras escritas, ficava sempre por perto das pessoas que sabiam ler e perguntava o que queriam dizer aqueles risquinhos...
Não encontrei quem tivesse paciência suficiente pra me explicar tais coisas, procurei descobrir por mim mesma, e fiquei maravilhada quando descobri que juntando aquelas letrinhas eu poderia saber o que estava escrito em todos os lugares.
Parecia que eu estava então em um novo universo, havia descoberto um mundo novo e repleto de novas palavras que eu nunca tinha ouvido falar, na minha inocência e encantamento desejava que todos soubessem: "Eu sei ler!"
Saía lendo em voz alta todas as letras que eu encontrava em muros e placas, nas ruas, folhetos, enfim, em todos os lugares.
Num dia, numa curta viagem de ônibus, comecei a praticar aquele jogo incrível que me deixava alegre e satisfeita. "Olha mãe, eu posso ler!"
Minha mãe assustada me controlou colocando a mão na minha boca. "Menina, não fala isso, é palavrão!"
Sem compreender direito por causa da minha pouca idade (entre 4 e 5 anos) respondi:
"Que isso mãe. É uma palavra pequena, tem só dois pedacinhos! Pu - ta! Fo - da!"
Nem preciso dizer como terminou a história...

1 de abril de 2008

O quê eu posso fazer?

Pesquisando na Wikipédia olha o que aprendi:

Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que mesmo tendo aprendido a decodificar minimamente a escrita, utiliza geralmente frases curtas e não desenvolve a habilidade de interpretação de textos.
Analfabeto funcional pode ser definido também como o individuo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos.
Segundo dados recentes (Instituto Paulo Montenegro), no Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca de 75% da população, ou seja, somente 25% da população é alfabetizada plenamente.
Isso se deve à baixa qualidade dos sistemas de ensino (tanto público, quanto privado), ao baixo salário dos professores, à falta de infra-estrutura das instituições de ensino e à falta do hábito da leitura do brasileiro, ou até mesmo a falta de vontade do mesmo.
Em alguns países desenvolvidos esse índice é inferior a 10% (Suécia, por exemplo).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Analfabetismo_funcional

20 de fevereiro de 2006

Dirigindo a própria vida! 2


Pois é, como eu ia dizendo...
Queria ter o direito de dirigir a minha própria vida...
Cheguei na autoescola concentrada e decidida, estava na chuva pronta pra me molhar e disse a mim mesma: "É agora ou nunca!".
O professor era jovem e parecia seguro, me falou que o medo é normal, o carro é um veículo perigoso e que "todas" as pessoas ficam inseguras na primeira vez. Quis recuar, sair correndo, voltar atrás, mas já era tarde, já tinha pago e não podia ficar no prejuízo. Olhei pra ele enquanto me perguntava o que eu sabia fazer e meu olhar assustado respondeu por mim. O professor me explicou que o carro de autoescola é diferente, tem pedais auxiliares para controle do veículo no caso de algum erro do aluno. Havia outra pessoa no carro que era o aluno da aula anterior à minha e teríamos que deixá-lo em casa.
Saímos da faculdade, onde eu estudava, eram 11 horas e teria que dirigir até o Cruzeiro (cidade do DF). Fiquei incrédula quando o professor falou para eu conduzir o carro. Tremi, suei, me agitei, mas ele me garantiu que eu conseguiria. O aluno confirmou que eu conseguiria, pois ele achou que não daria conta e havia acabado de conseguir...
Então eu fui, assustada, cheia de ousadia, confiando na experiência do professor, controlando a ansiedade e o medo, segui dirigindo o carro pelo eixo Monumental em direção ao Cruzeiro e em meio a um trânsito repleto de pessoas atrasadas e cansadas da correria diária. Em um cruzamento, enquanto aguardava a oportunidade de seguir meu caminho, um veículo avançou rapidamente pela direita, me ultrapassou e no susto deixei o carro morrer. O instrutor me pediu para continuar e parar no próximo acostamento. Neste momento, depois do susto comecei a chorar copiosamente, soluçava, tremia e suava muito. O instrutor continuou tranquilo, só observando e esperando. Depois de alguns minutos fui parando de chorar, respirando mais devagar, quando o professor me perguntou: "Está melhor agora? Vamos continuar?"
Faltava pouco para acabar a aula, estávamos chegando no meu serviço, estava cansada e com muito calor. Antes que eu fosse ao banheiro, as colegas que eu encontrava comentavam que eu estava vermelha. Comecei a me coçar e sentir um mal-estar. A Médica do serviço passou por mim e quando me viu foi logo perguntando se eu tinha comido algo diferente ou se tinha alergia a alguma coisa, pois estava apresentando sinais de choque anafilático. Ela me medicou e fiquei em repouso até melhorar completamente. Na época a explicação para aquela reação foi o estresse causado pela aula de direção e a minha necessidade de manter o controle. Meu corpo reagiu de forma acentuada ao medo e à exposição ao risco.
Depois daquele dia, as aulas foram menos assustadoras e fui percebendo que conseguiria, finalmente, tirar a carteira de motorista para poder escolher quando e para onde gostaria de ir. Por mais que pareça improvável, consegui passar na prova de direção. Hoje tenho habilitação tipo B, licença para dirigir veículos automotores e posso me conduzir para onde quiser e até posso dar carona para as colegas de trabalho.
Quem me vê ao volante nem imagina a dificuldade que foi superar meus medos e me acostumar a enfrentar a batalha de vida e morte que se tornou o trânsito.
Tenho como lição a dor e a delícia de enfrentar o medo e me sentir capaz de vencer obstáculos físicos e emocionais. Sei que posso, é difícil, vale a pena lutar e sofrer as consequências, correr o risco de acertar. Talvez, errar na primeira vez, mas desistir jamais!

OBS.: Link pra Primeira Parte do texto

3 de fevereiro de 2006

Dirigindo a propria vida!

Sempre gostei de andar de carro, mas sentia medo de dirigir, por isso sempre fui conduzida por alguém. Aos 30 anos, já casada e com duas filhas, morava longe do trabalho e da escola delas. Andava de ônibus, nunca tive problemas por causa disso. Morava no Gama (cidade satélite de Brasília-DF) e trabalhava no plano piloto, eram 38 km de distância e demorava cerca de 40 minutos na estrada. Minhas filhas tinham 3 e 5 anos, estavam crescendo e ficando pesadas. Quando ambas dormiam na viagem de volta pra casa à noite, eu carregava as duas meninas uma em cada ombro. Meu marido conseguiu finalmente comprar um carro e eu precisava adaptar meus horários para aproveitar a carona. Ele quis me ensinar a dirigir para que eu pudesse aproveitar melhor o nosso veículo.
Sentia muito medo de dirigir, achava que não conseguiria conduzir o carro, e ter o controle da direção parecia muito difícil. Minha insegurança não permitia que eu acreditasse que poderia ser uma boa motorista (eu "preciso" sempre fazer as coisas da melhor forma possível). Sentia medo de errar, causar um acidente ou prejudicar alguém. Quando meu esposo se propunha a me ensinar a dirigir, íamos a lugares amplos e desabitados para diminuir os riscos de acidentes com terceiros. Mas sempre sentia aquelas sensações típicas de quem sofre de uma fobia. A preocupação, tensão e nervosismo sempre atrapalhavam as minhas aulas. Ele começava bem calmo, falando baixo e cuidadoso; mas, à medida que comprovava as minhas dificuldades e deficiências, cada vez que eu errava ele ia ficando mais e mais nervoso, preocupado e claramente demonstrava falta de confiança na minha competência. Esse comportamento do meu marido era somado à minha insegurança básica e ficava mesmo muito assustada, errava e achava impossível eu conseguir dominar o carro, pensava que nunca conseguiria fazer o carro seguir por onde eu queria, pôxa, eram tantas coisas pra controlar ao mesmo tempo...
A minha necessidade de aprender a dirigir aumentava à medida em que as coisas ficavam mais difíceis, quando aconteciam greves de ônibus, engarrafamentos ou acidentes. Precisava realmente aprender a conduzir um veículo, precisava dirigir a minha vida, mas eu não sabia como. Estava muito cansada de ser conduzida, guiada, cansada de depender de outros para ir aos lugares em que queria ir.
Um dia recebi um pagamento atrasado de um emprego anterior, um valor considerável que eu nem imaginava que receberia um dia, resolvi dedicar esse dinheiro para pagar aulas de autoescola e tirar a carteira de motorista de uma vez por todas. Decidi experimentar a autoescola depois de várias tentativas frustradas e cansada de ouvir falar que era incompetente e nunca conseguiria dirigir. Me inscrevi e fui à primeira aula cheia de expectativas e insegurança, precisava acabar com aquela dificuldade em conduzir um automóvel.
Continua ...