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2 de abril de 2022

Autoamor? Metamorfose?

Autoamor, autoestima, autocuidado parecem palavras tão bonitas! Pena que não cheguei a aprender a porção mais básica "auto".

E eu que sofri alienação, autoabandono, autopiedade, automutilação e sofrimento autoaflingido.

Preciso urgentemente aprender e aplicar autocomáixão, misericórdia comigo mesma e ao que sobrou de meus sonhos falidos e desprezados...

O que eu faço? Por onde começo? Preciso respirar...

Conectar, ouvir, aceitar, acolher... se eu só aprendi a fazer isso pelo outro, como faço agora pra fazer pra dentro? comigo mesma?

Parece que a disciplina que me ajudou a conquistar e superar tantos desafios, fazem falta agora que tanto preciso.

Minha vida de lagarta rastejante e insignificante parecia tão mais fácil... As colegas que rastejavam ao meu lado já estão por aí voando como belas borboletas!

Será que estou atrasada? Será que ainda tenho tempo? Será que vou conseguir? Mas onde quero chegar? Pra onde devo ir? Qual será o plano de vôo e antes disso, como faço pra me libertar dessa carapaça que me prende? Como faço pra sair desse casulo se não sei pra onde posso ir?

Porque não consigo fazer por mim o que fiz tanto pelos outros? O apoio, o incentivo, as palavras afirmativas... Cadê o que eu posso fazer por mim, por que parece tão difícil? 

Porque não consigo ouvir o que tantas vezes eu disse para o outro?

Iniciativa, atitude, superação... Me ajuda a conectar com meu centro, minha sabedoria interior, minha verdade...

Jesus, Deus, universo, me ajuda! Dai-me forças e coragem pra fazer toda a transformação que eu necessito fazer pra sair desse casulo e aprender a voar!

LuelenaDolls

Não sei ...

Quem me dera eu pudesse pensar só em mim mesma e fazer apenas o que eu tivesse vontade...

Nem sei porque preciso viver nesse ritmo tão lento!..

Queria acelerar, andar a passos largos como quando eu caminho, mas preciso respirar, aceitar que meu corpo precisa de cuidados. Já não tenho 20 anos, naquela época eu conseguia impor um ritmo intenso pra conseguir alcançar minhas metas. Caprichava no hiperfoco, não precisava comer e nem dormir, só me esforçar pra atender meus objetivos. 

Consegui! 

Alcancei meus próprios limites, fui além. Realizei sonhos que eu pensava serem meus... Fiquei orgulhosa do meu sucesso e conquistas. 

Mas depois, percebi que "não era bem isso que eu queria" e foi necessário abandonar aquelas divisas e começar novamente do início...

Muitos sonhos realizados depois, quando me encontro cansada e triste, percebo que lutei e venci batalhas que não eram minhas...

As pessoas que foram atendidas pelo meu esforço e sacrifício já não sonhavam aqueles sonhos que consegui realizar e a gratidão não veio. "Você fez aquilo tudo porque quis, eu não pedi nada disso!"

Fracassei tentando ajudar entes queridos a alcamçarem seus sonhos e realizações. Pensei que seria feliz se fizesse exatamente o que me pediam, mas me frustrei ao perceber que as pessoas não sabiam o que queriam.

Gastei tempo, força e energia com a sobrevivência enquanto pensava que estava fazendo o bem. Mas não tinha ninguém fazendo o mesmo por mim.

Agora que acordei do pesadelo aque se tornou minha vida insana e corrida, não sei mais o que fazer? Não me conheço mais, pois não sou a menina que fui e nem me tornei a pessoa que desejava ser.

Tenho frutos pra colher, plantei e trabalhei bastante pra cuidar da minha horta e pomar, mas estou sem energia para transformar os frutos em alimentos e recursos pra minha alma faminta dos afetos que disperdicei com as pessoas que se foram em busca de seus próprios sonhos.

Agora que parei, acordei, abri meus olhos e ouvidos só ouço minha carne rangendo e doendo a falta de cuidados próprios.

Busco ajuda e todos são unânimes em confirmar:

"Cuide-se! Agradeça! Conect-se consigo mesma... " 

Minha mente, corpo e espírito anseiam pelos cuidados que dediquei aos outros!

LuelenaDolls

15 de março de 2022

Hoje eu só quero paz!


Eu nem sei o que eu quero fazer?

Penso às vezes que não quero nada!

Mas na verdade eu só quero paz!

Quero amor e paz!

Eu pensei que tivesse que compartilhar todos os momentos com alguém, mas na verdade percebi que só eu posso ser minha melhor companhia!

Sério!?!

Só eu sei quando quero o silêncio ou a palavra.

Só eu sei qual o momento de ação ou pausa!

Somente eu posso acertar qual a minha música, meu momento, meu instante!

Qual o ritmo? qual a frequência? qual harmonia?

Só eu mesma posso me fazer feliz!

Só preciso sentir meu corpo e atender as minhas verdadeiras necessidades!

Mais rápido! Mais lento? Mais açúcar ou mais sal? Mais sol ou mais vento?

Nem sei porque demorei tanto tempo para virar essa chave e começar a me permitir?

Viver meu melhor momento de cada vez!

Só eu mesma posso me fazer feliz!

@By_Luelena

3 de dezembro de 2021

Minha história educativa 2

Uma história sobre enganos e frustrações...

Eu tinha muita curiosidade e tudo queria saber.

Ficava fascinada enquanto andava pela cidade e olhava em redor, por todo lado via figuras e letras, grandes, pequenas ou coloridas. 

Tinha descoberto o mundo, e fazia questão de demonstrar que sabia decifrar aquele montão de sinais. 

Não existiam mais mistérios para mim, lia revistas, livros e até bulas de remédio. 

Se perguntasse a alguém alguma coisa e não obtinha uma resposta válida buscava enciclopédias e dicionários.

Pensando bem, não me recordo do nome de professores e mestres, porém, lembro bem das dificuldades e desafios que me mantinham sempre em alerta para descobrir  coisas novas. 

Talvez este esquecimento seja um mecanismo protetor para mim ou para aqueles que me provocavam, estimulavam, frustraram ou simplesmente não fizeram diferença na minha ambição de ler e compreender o mundo em que eu vivia.

Mais que ler, o desafio maior era reproduzir aquelas palavras, desenhar as letras, ou escrever o que tivesse vontade de comunicar. 

Minha primeira frustração escolar foi por volta da segunda série primária, estudei em uma escola pequena e simples em que muito pouco eu aprendia de novo, muitos exercícios de ditado e copiar números e letras. 

Preenchia muitas laudas de cadernos quadriculados ou pautados, tinha muita determinação, minha mão e punho doíam, mas eu só parava quando via a tarefa concluída.

Pois bem, tirava boas notas e fazia sucesso na escola, quando aprendi a teoria da relatividade. 

Muito antes de conhecer o famoso Einstein, eu sofri uma grande perda quando meu pai me levou a uma famosa escola católica que por sorte era bem perto de nossa casa. 

Fiz uma prova para ser admitida na terceira série. 

Cheia de alegria, pensei que seria muito fácil, pois eu sabia responder todas as perguntas e resolver todos os exercícios que os professores da minha escola faziam. Ledo engano! 

Quando vi aquelas páginas de prova, repletas de palavras que nunca tinha lido e contas de multiplicar e dividir eu suei, sofri e chorei. 

Todo meu esforço tinha sido em vão. Como eles ousavam fazer aquele tipo de pergunta a uma criança de sete anos? 

Eu nunca tinha visto na minha vida continhas de somar com três números e ainda não tinha decifrado aquele negócio de divisão.

Não fui aprovada, e logo me vi matriculada numa escola municipal, mas nunca me conformei com aquele resultado. 

Esforcei-me e busquei aprender tudo o que podia, lia os livros da orelha à contracapa, adorava aqueles que traziam um glossário ao final. 

Completei a terceira e a quarta série tendo em mente que ainda estudaria naquela escola que ficava vizinha de muro com a minha casa. 

Pedi ao meu pai que me levasse novamente lá para fazer a prova para a quinta série e obtive êxito.

Finalmente fui admitida e finalmente eu assimilei que tudo depende do referencial: na primeira escola eu era ótima, mas não aprendia nada; na segunda escola eu não me limitei ao conteúdo oferecido pelos professores, já não confiava na competência deles.

Naquela escola que era reconhecida pela boa formação, muitos e maiores desafios eu encontrei, e muito mais que isso, professores preparados, material didático e recursos muito interessantes, uma biblioteca incrível, aulas de artes e música. 

Valeu a pena o esforço! 

Descobri porque era necessário fazer prova pra entrar, era por causa da bolsa de estudos, sem essa oportunidade meu pai não poderia me matricular. 

Aproveitei bastante! 

Aprendi, então, que meu pai não tinha podido completar os estudos e sonhava em dar essa oportunidade as suas filhas.

16 de outubro de 2021

Minha história dá um livro?

 Minha breve história...

        Sou Luiza Helena, tenho 55 anos, moro em Brasília, nasci no Rio de Janeiro e fui criada em Nova Friburgo.

Fui uma criança que viveu muitas faltas, mas sobrevivi principalmente utilizando mecanismos adaptativos. Cresci seguindo comandos e atendendo expectativas.

Muito curiosa e criativa, sempre quis entender o mundo e as pessoas. Estudei, li e aprendi muitas coisas, principalmente a ser útil e agradar as pessoas para que me quisessem por perto. Queria ser querida.

Pensando estar conquistando meus sonhos com meus esforços, consegui uma profissão que após vários concursos públicos me garantiu a sobrevivência até hoje. Sou servidora pública, técnica em enfermagem e já conquistei o direito de me aposentar.

Casei-me pela primeira vez, tive duas filhas e apreciei cada momento da infância delas, larguei a faculdade de psicologia quando ganhei a mais velha em 1991. Só voltei à faculdade quando a mais nova já estava com 10 meses e assumi um concurso público federal que me garantia creche e me permitia voltar a pagar a faculdade em 1994.

Concluí a graduação em 1998, uns 11 anos após o início, mas eu sabia que queria ser psicóloga e ajudar as crianças a serem ouvidas. Sempre acreditei que as crianças tinham muito a dizer, pois eu quando criança tinha muito a falar e adoraria ser ouvida.

Deprimi quando aconteceu o divórcio após 16 anos de relacionamento e minhas filhas já adolescentes decidiram ir morar com o pai. Foi o início da importância do crochê na minha vida e quando comecei a criar as roupas de bonecas. Além das ajudas tradicionais, psiquiatras e psicoterapia, o crochê foi uma ferramenta de conexão com minha criança e menina que gostava de brincar com bonecas.

Continuei no serviço público como técnica em enfermagem até hoje, mas exercendo múltiplas funções e atividades, vivia atribulada e cansada. Utilizando o artesanato como ferramenta de criatividade participei de feiras e associações, conheci muitas pessoas e desenvolvi minha arte. O Facebook e o Instagram surgiram como ferramenta de divulgação.

By Luelena foi o nome que dei a este blog que escrevi a partir de 2005 por recomendação da psicóloga, deveria escrever textos contando minhas vivências e sentimentos. Redescobri que gosto de escrever, fui blogueira, cheguei a participar de várias blogagens coletivas e ajudar muitas pessoas que se identificavam com os meus escritos. Descobri que quando falo dos meus sentimentos verdadeiros minhas reflexões alcançavam o coração de muitas pessoas que comentavam e interagiam comigo.

Abandonei o blog quando “melhorei” da depressão clínica, voltei a sair e a namorar. Conheci uma pessoa especial e vivi uma linda história de amor com começo, meio e fim. Superei diversos traumas e vivi intensamente o papel de mulher e esposa, foi o segundo casamento.

Hoje me arrependo de ter parado de escrever e me afastado do mundo das letras. Volta e meia o sonho de escrever um livro e contar minhas histórias aparece na minha mente, mas sempre acabei priorizando as demandas da família, trabalho e amigas. Acho que muitos momentos vivi no automático, como um zumbi, atendendo as expectativas e recebendo as migalhas de afeto e retribuição que eu considerava merecidas.

Ao longo do primeiro casamento tinha feito vários cursos e especializações em psicoterapia infantil, mas não tinha iniciado o atendimento em clínica particular por falta de segurança em minha competência. Buscando resgatar o sonho de ser psicóloga infantil, comecei o curso de Psicodrama que me garantiu estágio e início da prática supervisionada em clínica infantil. Vivi muitos encontros verdadeiros com crianças pequenas que perceberam minha espontaneidade e criatividade. Utilizava meu corpo inteiro para efetuar a escuta atenta e ativa, também várias técnicas lúdicas e recursos terapêuticos, as crianças responderam se desenvolvendo e desabrochando a olhos vistos. Dessa forma comecei a ajudar as crianças e suas famílias.

Em 2016 fiquei sabendo de uma criança na minha família materna que estava em situação de risco e abandono. Atendendo ao pedido da minha mãe, fui ao Rio de Janeiro buscar S. com sete anos para minha vida. As duas filhas adultas moravam comigo e me ajudaram nos cuidados iniciais da criança que apresentava muitos traumas e dificuldades afetivas. Foi quando decidi abandonar o consultório particular que compartilhava com minhas colegas, deixei de ajudar as crianças a serem ouvidas por seus pais e famílias.

Me senti insegura, minha S. precisava de muita dedicação e apoio para sua recuperação e desenvolvimento. O desafio foi maior do que eu imaginava. Desde então, sinto falta e culpa por deixar de atender no consultório. Pensei que eu era uma fraude, já que tinha orientado diversos pais com sucesso, mas não estava conseguindo fazer o mesmo por ela.

Em 2019 fiz uma cirurgia plástica muito sonhada e planejada para melhorar meu bem-estar com o corpo após o emagrecimento com a bariátrica. Mas como em outras ocasiões tive meu processo de recuperação interrompido pela necessidade e demanda de pessoas queridas. Minha mãe foi atropelada por uma bicicleta e ficou internada aguardando cirurgia ortopédica no braço.

Minhas filhas ficaram com minha mãe no hospital e não consegui cumprir o resguardo recomendado pelo cirurgião, pois fiquei cuidando de S. Como consequência tive complicações na ferida cirúrgica e me senti muito mal e mau. Quando minha mãe saiu de alta após a cirurgia no braço, veio ficar na minha casa, mas eu ainda estava com a barriga “aberta” e vazando secreções. Me senti péssima e impotente.

Graças a Deus e muitos curativos, me recuperei em tempo de acompanhar uma de minhas filhas na cirurgia de retirada de miomas uterinos que a faziam sangrar e ficar com anemia, ela tinha só 28 anos. A cirurgia foi um sucesso! Não foi preciso remover todo o útero e “quebrou” a história familiar. Minha mãe precisou remover o útero (histerectomia) aos 38 anos, eu também sofria do mesmo problema e foi preciso fazer o procedimento aos 36 anos.

Ainda em 2019 minha mãe sofreu uma crise de vesícula e foi internada. Fiquei acompanhando durante os 21 dias, mas infelizmente ela possuía diversos fatores agravantes e faleceu em 12 de agosto após muito sofrimento. 

A depressão bateu na minha porta novamente...

O pai das minhas filhas maiores decidiu morar em Florianópolis buscando qualidade de vida após superar um câncer e ter sua função renal totalmente prejudicada após a quimioterapia. As duas foram morar com ele na nova cidade, e nem considerei evitar pois sabia que ele precisava muito da ajuda das duas.

Fiquei sozinha com S.,  cheia de desafios, conflitos e luto. Me senti abatida e impotente. Após várias situações e com ajuda da conselheira tutelar S. foi matriculada numa escola em período integral e pude retornar a trabalhar, pois já tinha tirado todas as férias e licenças possíveis.

Foi então que em 2020 começou a pandemia... 

Outro dia eu conto mais...

@by_luelena

9 de agosto de 2021

O que a atualidade nos faz?

Quem se sente ambivalente em atender as expectativas?
Quando embarquei no Instagram, só queria um álbum de fotos dos vestidos de boneca que fiz e vendi. Queria olhar e me orgulhar da minha criatividade e habilidade com as mãos. 
Eu queria convidar as amigas pra me visitar nas feiras de artesanato e divulgar meus trabalhos.  Criar oportunidade para crianças serem presenteadas com produtos coloridos e divertidos.
Mas o tempo passou depressa e as coisas mudaram. O mundo muda e se transforma o tempo todo.
Pandemia, ameaças a saúde e qualidade de vida. Redes sociais pra combater o isolamento exigido. Comunicação, marketing, estratégia, vendas...
Eu só queria a oportunidade de mostrar pra mim mesma que sou cor e arte. Sou capaz de transformar fios em roupas de boneca. Me ver reconhecida pela prática do crochê e criação de vestuário para bebês e bonecas.
Eu queria estimular as crianças a curtirem a infância, a brincarem mais com bonecas e casinhas. Queria que ocupassem seu tempo livre longe das telas e videogames.
Mas, pra isso tudo acontecer, preciso me posicionar, aparecer, fazer vídeos, Stories e Reels. 
Preciso conhecer minha persona, construir uma estratégia e usar muitos aplicativos...

E a demanda só crescendo... Insights, interações, engajamento...

Eu só quero fazer crochê!
Quero vestir muitas bonecas!
Quero estimular as pessoas a cuidarem melhor das suas crianças!
Quero sentir que "Ser você dá certo!"

Quero ser feliz!.
Quero ser apenas Eu.
Quero saber o meu lugar.
Descobrir minha missão de vida!


28 de julho de 2021

Você sabe o valor que tem?

 Hoje tenho um olhar mais gentil e generoso comigo mesma.

Aprendi a aceitar minhas marcas, aquelas rugas que mostram os sinais das provas ou desafios já superados.

Posso ter mais paciência comigo mesma, menos cobranças, mais aceitação.

Sou alguém que tem muitas vivências e histórias para contar.

Hoje posso me cuidar sem culpa. Minhas filhas já foram criadas e voam em busca de realizar seus próprios sonhos.

Aprendi muito com meus erros, principalmente a sempre corrigir, ressignificar e recomeçar.  Posso errar sem me justificar. 

Posso aprender todos os dias um pouco mais, e compartilhar!

Eu mereço, sou grata pela vida e tudo o que me proporcionou!

Posso me cuidar, me abraçar sem medo de ser feliz!

Posso me amar! Tenho meu valor!

E você, sabe o valor que tem?

@by_luelena

20 de julho de 2021

Não tenho vergonha!

Não acho infantil brincar com bonecas.

Elas foram e ainda são importantes na minha vida.

Sou adulta, vacinada, trabalhadora e gosto de brincar com bonecas! Elas trazem o que há de melhor em mim!

Fui bebê e quando criança, fui a boneca da minha mãe. Ela me teve muito jovem e nem aproveitou a própria infância pois ajudou a cuidar dos irmãos menores. 

Quando me teve e ficou só comigo, aproveitou o tempo perdido. Fui feliz e bem cuidada, tive muitos vestidos bonitos e penteados. Juntas, eu e mamãe rimos e nos divertimos muito!

Aos sete anos ganhei uma irmãzinha, foi um bebê que deu muito trabalho para a minha mãe. Foi a época em que aprendi a brincar sozinha com minhas bonecas. Não foram Barbies e nem colecionáveis, mas eram lindas. Herdadas de outras crianças, mas nunca pareceram de segunda mão. Fui muito feliz brincando e vestindo minhas bonecas!

Cresci bem rápido, aos onze anos ainda gostava de brincar de casinha com minhas bonecas. Os adultos começaram a dizer que eu era “grande demais para brincar com bonecas”...

Minha mãe era costureira e sempre aproveitei os retalhos de tecido para fazer roupas para minhas bonecas, mas ela dizia que eu não poderia continuar brincando. Precisava ajudar nas tarefas domésticas e cuidar da minha irmã.

Sou Luiza e sempre tive muitas ideias na cabeça. Comecei a fazer bonecas de pano como as que eu brincava. O sítio do Picapau amarelo estava sendo exibido na TV e a boneca Emília era a favorita das primas e colegas da escola. 

Aproveitei muito nessa época, pois fazer bonecas era trabalho e usei todo meu tempo livre construindo as mais belas e coloridas Emílias que se podia ver. Cada uma que eu fazia era única. Eu sempre pensava na menina que receberia aquela “amiga” de presente.

Cresci, estudei, me formei, trabalhei e nesse percurso conheci o pai das minhas filhas. Sou grata pois ele me deu duas meninas lindas e brinquei muito com elas. Com meu salário e condições mais favoráveis pude finalmente comprar as primeiras Barbies para minhas filhas. 

Elas tiveram as mais lindas bonecas que foram loiras, morenas, índias e bebês. Brincamos e fomos muito felizes naquela época. Mas, o tempo passou e minhas filhas também cresceram e deixaram de brincar comigo e com as bonecas. 

Eu ainda gostava de bonecas e comecei a fazer vestidos e acessórios em crochê para as filhas das minhas amigas... Quer presente melhor para uma criança que já tem de tudo?

Meu hobby virou artesanato e na sequência empreendimento, continuo criando vestidos e acessórios para bonecas... E me divirto muito!

Me considero uma colecionadora adulta e feliz pois posso escolher e comprar minhas próprias bonecas!

Não sinto vergonha! 

Não preciso pedir permissão para ninguém!

Estou muito feliz com o meu EU SOU!

@by_luelena


11 de dezembro de 2019

Recomeçando...


Muitas coisas têm acontecido em 2019, coisas boas, difíceis, fáceis ou desafiadoras.
Este ano completei 53 primaveras, posso afirmar que já passei da metade da minha vida já que tenho planos de chegar perto de um século de existência... Acho que estou me afastando do motivo principal de estar escrevendo hoje...
A vida muda sempre. Muda ou se transforma a cada dia quando vemos um novo sol surgir ao amanhecer. São tantas possibilidades... Tantas oportunidades...
Posso começar agradecendo ou reclamando! Pedindo misericórdia ou chances de vingança! Posso abrir os olhos pela manhã lamentando ainda estar viva ou me desculpando pelas oportunidades desperdiçadas ontem. Posso duvidar de mim mesma, posso duvidar de Deus e da natureza! Posso acreditar na próxima mentira ou duvidar da primeira verdade dolorida que ouvir! Posso tentar descobrir quem eu fui ontem ou planejar quem desejo ser no futuro.
Prefiro nesse momento em que escrevo essas linhas trêmulas (ou digito neste teclado) abrir os olhos agora, respirar e começar hoje a viver essa nova vida.
Um dia de cada vez! Este deve ser meu lema, minha frase de cabeceira, meu mantra matutino, vespertino e noturno. Hoje é o melhor dia, pois é o meu presente!
Meus projetos, sonhos e desejos poderão surgir pelo caminho, mas não poderão ser motivo de dúvida, dívida ou ansiedade... O que tiver de ser, será começado hoje. O que já passou será apenas uma história que posso contar a alguém ou a mim mesma. Eu escolho começar hoje, agora!
Eu posso escolher hoje! Posso escolher agora! Ou, depois de amanhã ou ontem...
Mas estou decidindo escolher hoje, começar, recomeçar, continuar tentando, perseverando, sobrevivendo... Posso ouvir hoje, posso falar hoje, posso escrever agora!
Já sobrevivi antes. Já superei perdas e lutos antes. Mas hoje começo uma nova história, com novas escolhas. Não desvalorizo as escolhas que fiz e histórias que vivi antes. Não desmereço os sonhos e planos anteriores. Escolho definir agora como será minha vida hoje. Escolho amar a vida! Escolho me amar! Sem promessas e sem arrependimentos. Escolho conhecer quem sou agora!
Escolho renascer hoje e fazer as melhores escolhas que eu puder agora. Escolho abrir meus olhos, ver bem, ouvir melhor. Escolho sentir sabores e aromas como se fosse o meu último dia, ou melhor, o primeiro! Escolho sentir neste instante o peso do meu corpo na cadeira, do tênis confortável que coloquei no pé. Escolho sentir meu coração batendo depressa.
Posso sentir minha respiração ofegante enquanto minha mão se apressa em colocar no papel essas palavras que surgem na minha cabeça. Posso continuar apenas aguardando nesta sala de espera que minha hora comece e meu nome seja chamado, que minha vez chegue... Ou, posso decidir começar neste instante! Posso decidir ser quem eu conseguir ser agora!
Posso ficar aqui ouvindo a música que toca na rádio distante ou posso escrever a minha própria letra, composição ou tema. Posso cantar ou gritar! Posso sussurrar ao vento ou posso simplesmente sentir o ar que entra em meus pulmões e me oxigena hoje, agora!
Ao longo desta vida já vivi e escrevi outros recomeços... Não tenho como dizer se foram melhores ou piores do que este que estou vivendo agora. Só posso dizer que esse dia é único e mágico como foram tantos e serão muitos outros.
Presente, passado e futuro. Ontem, hoje e amanhã.
No passado as pessoas acharam que a terra era plana como um disco de vinil. Quantos morreram antes de aprender essa verdade natural: “a vida é uma bola que rebola lá no céu”, girando ao redor do sol que nos ilumina e nos dá a vida diariamente. Quantos vão nascer ainda que haverão de duvidar que a vida se renova e as situações recomeçam como a música naquele disco enguiçado na vitrola que repete a mesma frase da música passada.
O passado doeu e já passou. O futuro só a Deus pertence. O que tenho é o hoje que eu escolho agora! Neste instante!
Dê-me Jesus a alegria de respirar agora! Dai-me também outros agoras para que eu possa continuar aprendendo a amar. Dê-me Deus a graça de compartilhar esta vida e este momento contigo, comigo e com o próximo!
Um dia de cada vez!

29 de julho de 2013

Efeito Sanfona e Cirurgia Bariátrica



Caro leitor,
Quero compartilhar minha vitória: vale a pena perseverar e ter fé. 
Crer que você é perfeito, humano e nasceu para ser feliz. 
Te amo como vc é! Não desista nunca de se desenvolver e se transformar. 
Sei bem como é ser uma "Sanfona". 
Vivi apenas 46 anos tentando e conseguindo emagrecer e depois que a demanda (familiar, social etc e tal...) surgia, acabava me descuidando e recuperando toda a "gordura" que me fazia viver pesada, cansada e longe da saúde. Tanto que cheguei a uma condição física que impedia meu coração acreditar que ficaria velhinha. Diabetes, hipertensão, gastrite e refluxo estavam tirando muito mais do que meu sono e esperança de dias melhores.
Tomei uma decisão radical e busquei ajuda especializada. Dizem por aí que é o caminho mais fácil, mas não foi não.
Fazer a cirurgia bariátrica, além de ser muito arriscado, pode ser muito complicado. Não recomendo essa alternativa para pessoas muito sensíveis e pouco corajosas.
Orei, pedi a Deus a direção e busquei alternativas. Estava com 108 kg, síndrome metabólica e péssima qualidade de vida.
Confiei em Jesus e segui as recomendações do meu plano de saúde para realizar uma bateria de exames que demoraram 3 meses para ser concluída. Muita paciência, jejum e horas de espera para conseguir os relatórios médicos que avaliaram minha condição precária de saúde e recomendaram o melhor procedimento para minha restauração física e emocional.
Concluindo: Dia 04 de agosto completarei 6 meses de cirurgia e saúde plena e restaurada. Estou pesando apenas 85 kg e com o IMC de 32. Os exames de controle comprovaram que consegui ganhar pelo menos mais 40 anos de oportunidade para continuar perseverando e acreditando que vale a pena amar e ser feliz. Coragem para me exercitar fisicamente, comer saudavelmente e continuar desafiando os jovens a acreditarem em si mesmos! 
Vitória! Vou ficar velhinha e continuar contando histórias por aí.
Quando quiser, me escreve. Bjs.



17 de maio de 2010

Eu estou bem!

Nem adianta eu me apressar...
No trabalho está difícil, com muitas pessoas afastadas por licença médica, cada dia faço uma tarefa em um setor diferente. Fico preocupada, pois todos estamos sobrecarregados e trabalhando no limite de nossas forças. Não tenho gostado muito disso.
Meu corpo se queixa, preciso me cuidar melhor. Não me lembro qual foi a última vez que evacuei, isso significa que estou “enfezada”. Preciso beber mais água, comer mais frutas e menos massa...
O namoro parece que está seguindo seu percurso natural, finalmente estou conhecendo alguns "defeitos" do bem amado. Encontramos os pontos que não concordamos e nos atrapalhamos nos assuntos não falados, não ouvidos e muito pouco compreendidos.
Às vezes tenho a impressão que estou sozinha, se não tivesse minha psicoterapeuta, nem sei o que seria de mim. Às vezes fico cansada de lutar e tenho vontade de desistir, só que esta palavra não existe no meu vocabulário...
Os dias estão passando muito depressa! As noites estão muito curtas...
Queria dormir mais, ficar em casa, não pensar em nada e nem em ninguém...
Queria dar conta de mim mesma, me cuidar, me respeitar...
Queria não me preocupar com a opinião de ninguém, me relacionar com pessoas maduras e equilibradas que soubessem se cuidar e não se magoassem tão facilmente.
Queria pegar uma nave espacial e passar uma temporada em Marte, sem gravidade, sem responsabilidade, sem dúvida, sem medos...
Queria voltar somente quando esta TPM tivesse passado e eu pudesse ser eu mesma.
Vencedora e resiliente!
Valente e Lu Tadora!

Fonte da foto e outras coisinhas mais: http://chirlamjr.blogspot.com/2009/03/definicoes-de-tpm.html

27 de abril de 2010

Quem pode me responder?

Lu Tadora?


Eu te conheço muito bem, já ouvi suas histórias antes. Sempre muito dramática e passional. Parece que vive todas as emoções com a maior intensidade. Nem sei porque não consegue reconhecer seu próprio valor e nem comemora suas vitórias.
Bem vejo que você não teve tempo suficiente para se vangloriar ou aproveitar o sucesso de suas conquistas. Afinal, enquanto houver luta você estará vivendo como boa sobrevivente que é. Penso que não deveria se conformar apenas em suportar as pressões, se adaptar às mudanças e sobreviver às batalhas diárias. Você deveria olhar para si mesma e reconhecer suas competências e qualidades pessoais. Outras pessoas que estivessem no seu lugar já teriam sucumbido, desistido ou apenas abandonado a luta.
Concordo que não se dê por satisfeita com o mínimo necessário, acho justo que tenha ambição e almeje uma vida com qualidade, mas não precisa sempre ficar se recriminando pelos erros do passado e pelo insucesso nas campanhas nas quais ainda não estava preparada ou que não tinha recursos suficientes.
Não é sua culpa ter sido resultado de um “acidente”. Seus pais não estavam preparados para recebê-la e aceitá-la como era. Não se culpe por ter desejado permanecer viva num mundo inseguro e inconstante. Sua força de vida sempre foi uma qualidade única e pouco encontrada nas pessoas não resilientes.
Desejar crescer e conhecer o mundo ao seu redor pode ter sido motivação suficiente para que buscasse o próximo passo, desafio ou apenas o dia seguinte. Acordar pela manhã e buscar curiosa o significado ou função daquele ruído, cor, mecanismo...
Rastejar, segurar, erguer-se e andar em direção ao outro que não te busca deve ter sido difícil. Procurar algum olhar que te garantisse a sensação de bem-querer pode muitas vezes ter custado um esforço sobre-humano ou sobrenatural.
As palavras de derrota e crítica não puderam te deter em sua caminhada em busca do conhecimento. Mesmo nos momentos mais confusos e perdidos de sua escalada em direção à vida adulta não ficaste parada ou conformada com sua sina de ser uma humana em constante evolução.
Seu corpo por muitas vezes te forçou a dar “paradas” estratégicas. Sua carne é fraca e não suporta os intensos castigos que você mesma se infligiu à medida em que buscava se adaptar às necessidades da sua família. A sabedoria da natureza te obrigou, de tempos em tempos, a repousar sua cabeça no travesseiro mesmo que estivesse totalmente molhado por suas lágrimas silenciosas.
Justiça, proteção, amparo parecem ter sido as últimas palavras a serem incluídas no seu vocabulário. AMOR? Quatro letras que até “ontem” pareciam ser um mistério. Temos que reconhecer, sua resistência parece não ter fim, mas sua paciência às vezes até acaba. A intolerância sempre volta a te perseguir na pessoa de algum daqueles que deveriam ser seus entes mais queridos.
O mundo que te trouxe até aqui foi suficientemente interessante?
Como conseguiu manter sua curiosidade incessante?
Às vezes te cansou sua busca?
Está valendo a pena?

20 de abril de 2010

Bem Vindos!

Caros leitores,


Há algum tempo estou sem internet em casa e não tenho podido escrever neste blog com a frequência que aprecio. Gosto muito de escrever e de compartilhar informações e aprecio bastante os comentários dos visitantes e amigos. Àqueles que me visitam pela primeira vez talvez não saibam quem eu sou ou como eu penso. Se quiserem conhecer um pouco mais da pessoa que lhe escreve, sugiro que façam uma visita às páginas mais antigas que foram escritas a partir de 2005.
Tenho algumas padronizações que utilizo neste espaço de comunicação:
Com relação às cores: 
- A cor rosada marca os textos em que faço citação, poesias, letras de música e outras coisas que não foram escritas por mim.
- Os textos de minha autoria ou os comentários que eu faço são marcados em tons de azul, além de ficarem identificados como "Escrevi" e podem ser conferidos no índice de marcadores.

14 de janeiro de 2010

O que é amor?

Sei que estou meio distante deste blog e muitas datas e aniversários se passaram sem que eu deixasse aqui um comentário inteligente ou espirituoso. Meus leitores devem estar se perguntando: "O que estará acontecendo?"
Simplesmente estou vivendo! Vivendo situações novas, experiências, amores... Vivendo tão intensamente que tenho ficado sem palavras pra descrever ou explicar. Estou aprendendo a amar e ser amada. Vivendo um dia de cada vez e aprendendo a ser uma pessoa mais feliz.
Jesus fez aniversário! 
Celebrei com minha família e nem estive por aqui pra comentar com vocês a alegria de renovar a fé e o amor pela vida.
O Blog completou 4 anos! quem diria ?...
Muitas estórias escritas e compartilhadas, os comentários dos leitores surpreenderam com sensibilidade e emoção de pessoas moradoras de locais tão distantes, e se mostraram ao mesmo tempo tão diferentes e semelhantes. Somos todos humanos!
Dias melhores se foram e novos vieram cheios de conflitos, dúvidas, alegrias e respostas ...
Há muito que este blog deixou de ser apenas "o meu diário pessoal" e se tornou um meio de divulgação de informações sobre saúde, qualidade de vida, musicas e poesias. As reflexões deixaram de ser apenas minhas e se tornaram discussões de muitos. Participamos de diversas blogagens coletivas e ajudamos a divulgar campanhas de caráter social. Agradeço a todos os convites e comentários. Peço que continuem participando com sugestões e correções.
Espero ter contribuído até aqui. Que Deus permita continuar! Que este blog possa auxiliar de alguma forma àquelas pessoas que buscam uma palavra, uma música ou uma emoção positivas e edificantes.
Desejo em 2010 contribuir ainda mais!

Tem um filósofo chamado Osho que muito chama a minha atenção e me faz refletir intensamente:
O que acontece quando uma flor floresce numa floresta densa, sem ninguém para tomar conhecimento de sua fragrância, ninguém para passar e dizer "Que bela!", ninguém para sentir-lhe a beleza, a alegria, ninguém para partilhar - o que acontece à flor?
Morre? Sofre? Fica apavorada? Comete suicídio?
Ela continua e floresce, simplesmente continua a florescer.
Não faz nenhuma diferença se alguém passa ou não; isso é irrelevante.
Ela continua espalhando sua fragrância aos ventos.
Continua oferecendo sua alegria a Deus, ao todo.
Se eu estiver sozinho, então também eu serei tão amável quanto sou quando estou com você.
Não é você que está criando o meu amor.
Se você estivesse criando o meu amor então, naturalmente, quando você se fosse, meu amor também haveria de ir-se.
Você não está tirando o meu amor de mim; eu é que estou derramando amor sobre você.
Este é o "amor-dádiva", é o "amor-ser"
OSHO

14 de novembro de 2009

Amar não dói!

Eu nem sabia o que era amar ...
Luiza Helena


Li dezenas de livros com histórias de amor. Me emocionei com centenas de poesias. Ouvi milhares de músicas. Me apaixonei diversas vezes enquanto assistia a muitos filmes românticos. Vivi intensamente encontros e desencontros de amor...
Mas, eu ainda nem sabia o que era Amar!
Poetas declamam, cantores cantam e compositores se esforçam para narrar, descrever ou contar histórias encantadas e encantadoras de amores possíveis e impossíveis. Escritores brilhantes, diretores criativos e uma quantidade incontável de profissionais do cinema, TV e teatro praticam sua arte no desafio constante de apresentar e representar o mais sublime sentimento dos humanos. Algumas comédias românticas apresentam finais felizes tão fantásticos que temos certeza que nunca aconteceriam realmente. Outras aventuras desafiam os leitores e ouvintes a defender valores e princípios bonitos e românticos enquanto os personagens lutam contra preconceitos e impedimentos ao encontro amoroso.
E, eles pensam que sabem o que é amar!
Pense bem!
Se doeu, sofreu ou chorou, então...
Não era amor.
Amar nem dói!

20 de outubro de 2009

Matando a saudade

APENAS UM ENCONTRO
Luiza Helena de Jesus


Eu, uma praça, um livro e um olhar. Moreno, cabelo curto, porte atlético, vestido como jovem e aparentando pouca idade. Sentou-se ao meu lado um pouco antes de me perguntar se incomodava.
- “Bom dia! Posso me sentar aqui ao seu lado? Você gosta mesmo de ler!”
Continuei minha leitura, como se nada tivesse me acontecido. Me olhava como uma pessoa faminta olha um prato suculento; como o cão que observa um frango assado na vitrine assadeira. Negou tantas vezes estar interessado em mim, que quase me fez acreditar. Seu olhar guloso me inspirou a sensação de ser desejada, apesar do excesso de peso. Estou obesa e nem um pouco satisfeita com meu corpo atual. Me senti ruborizar cada vez que ouvia seus elogios. Como era falante o rapaz!
Um olhar firme e penetrante me convenceu de que ele estivesse realmente falando a verdade. Nem adiantava continuar tentando manter minha atenção no livro... Achei-o muito novo, por esse motivo lhe perguntei qual a idade ele achava que eu teria. Me deu uns vinte e poucos, nesse momento eu retirei os óculos escuros e repeti a pergunta. Retribui o olhar fixamente para que me confirmasse a verdadeira idade. Percebi a surpresa no olhar dele enquanto falava:
- “Você parece ser mais madura, tipo uns trinta e poucos...”
Meu sorriso foi rapidamente substituído por uma gargalhada solta e gostosa que há muito eu não experimentava.
- “De que cor são os seus olhos? À primeira vista parecem castanhos, mas quando observados mais de perto, sob certa luz pode-se ver o brilho e a cor que refletem. São cor de mel, a mesma cor dos meus! Com certeza! Temos alguma coisa em comum!”
Confessei meus 41 anos, enquanto ele se esforçava em explicar como estou conservada:
- “... Aos meus olhos você é muito interessante...”
Interrompi com uma pergunta:
- “Então você sente uma forte atração por coroas gordinhas?”
Não consegui segurar o riso enquanto ele gaguejava tentando me esclarecer sobre a verdadeira diferença entre “fofinha, gordinha e gorda”. Uma sensação relaxante percorreu todo o meu corpo, percebi um forte aquecimento central... Eu estava gostando (e muito!) de estar sendo cortejada por um jovem saudável que poderia ter a garota que quisesse.
Nesse momento, percebi a mudança de olhar e o movimento de cabeça ligeiramente disfarçado em direção a duas jovens e sensuais adolescentes que passavam pela praça. Nem podiam suspeitar o clima de sedução e ferormônios que nos rondavam naquele momento. Meu novo amigo percebeu que o vi acompanhando as duas moças e iniciou rapidamente um discurso bastante eloquente sobre conteúdo versus corpo, mente vazia e fútil versus maturidade, que no meu caso, algo mais estaria despertando nele muito interesse, etc., etc. e tal!
Meu celular tocou como se me despertasse para a realidade da vida, e minha curta aventura terminou antes que pudesse sequer começar. Minha amiga estava confirmando minha presença para o almoço. Dessa forma me despedi do jovem interlocutor, que ainda me olhava com face suplicante...
- “Apenas um beijo! Pra celebrar esse encontro!”

OBS.:  Escrevi este texto ano passado, fiz algumas correções na gramática e estou republicando para "matar a saudade".