16 de outubro de 2021

Minha história dá um livro?

 Minha breve história...

        Sou Luiza Helena, tenho 55 anos, moro em Brasília, nasci no Rio de Janeiro e fui criada em Nova Friburgo.

Fui uma criança que viveu muitas faltas, mas sobrevivi principalmente utilizando mecanismos adaptativos. Cresci seguindo comandos e atendendo expectativas.

Muito curiosa e criativa, sempre quis entender o mundo e as pessoas. Estudei, li e aprendi muitas coisas, principalmente a ser útil e agradar as pessoas para que me quisessem por perto. Queria ser querida.

Pensando estar conquistando meus sonhos com meus esforços, consegui uma profissão que após vários concursos públicos me garantiu a sobrevivência até hoje. Sou servidora pública, técnica em enfermagem e já conquistei o direito de me aposentar.

Casei-me pela primeira vez, tive duas filhas e apreciei cada momento da infância delas, larguei a faculdade de psicologia quando ganhei a mais velha em 1991. Só voltei à faculdade quando a mais nova já estava com 10 meses e assumi um concurso público federal que me garantia creche e me permitia voltar a pagar a faculdade em 1994.

Concluí a graduação em 1998, uns 11 anos após o início, mas eu sabia que queria ser psicóloga e ajudar as crianças a serem ouvidas. Sempre acreditei que as crianças tinham muito a dizer, pois eu quando criança tinha muito a falar e adoraria ser ouvida.

Deprimi quando aconteceu o divórcio após 16 anos de relacionamento e minhas filhas já adolescentes decidiram ir morar com o pai. Foi o início da importância do crochê na minha vida e quando comecei a criar as roupas de bonecas. Além das ajudas tradicionais, psiquiatras e psicoterapia, o crochê foi uma ferramenta de conexão com minha criança e menina que gostava de brincar com bonecas.

Continuei no serviço público como técnica em enfermagem até hoje, mas exercendo múltiplas funções e atividades, vivia atribulada e cansada. Utilizando o artesanato como ferramenta de criatividade participei de feiras e associações, conheci muitas pessoas e desenvolvi minha arte. O Facebook e o Instagram surgiram como ferramenta de divulgação.

By Luelena foi o nome que dei a este blog que escrevi a partir de 2005 por recomendação da psicóloga, deveria escrever textos contando minhas vivências e sentimentos. Redescobri que gosto de escrever, fui blogueira, cheguei a participar de várias blogagens coletivas e ajudar muitas pessoas que se identificavam com os meus escritos. Descobri que quando falo dos meus sentimentos verdadeiros minhas reflexões alcançavam o coração de muitas pessoas que comentavam e interagiam comigo.

Abandonei o blog quando “melhorei” da depressão clínica, voltei a sair e a namorar. Conheci uma pessoa especial e vivi uma linda história de amor com começo, meio e fim. Superei diversos traumas e vivi intensamente o papel de mulher e esposa, foi o segundo casamento.

Hoje me arrependo de ter parado de escrever e me afastado do mundo das letras. Volta e meia o sonho de escrever um livro e contar minhas histórias aparece na minha mente, mas sempre acabei priorizando as demandas da família, trabalho e amigas. Acho que muitos momentos vivi no automático, como um zumbi, atendendo as expectativas e recebendo as migalhas de afeto e retribuição que eu considerava merecidas.

Ao longo do primeiro casamento tinha feito vários cursos e especializações em psicoterapia infantil, mas não tinha iniciado o atendimento em clínica particular por falta de segurança em minha competência. Buscando resgatar o sonho de ser psicóloga infantil, comecei o curso de Psicodrama que me garantiu estágio e início da prática supervisionada em clínica infantil. Vivi muitos encontros verdadeiros com crianças pequenas que perceberam minha espontaneidade e criatividade. Utilizava meu corpo inteiro para efetuar a escuta atenta e ativa, também várias técnicas lúdicas e recursos terapêuticos, as crianças responderam se desenvolvendo e desabrochando a olhos vistos. Dessa forma comecei a ajudar as crianças e suas famílias.

Em 2016 fiquei sabendo de uma criança na minha família materna que estava em situação de risco e abandono. Atendendo ao pedido da minha mãe, fui ao Rio de Janeiro buscar S. com sete anos para minha vida. As duas filhas adultas moravam comigo e me ajudaram nos cuidados iniciais da criança que apresentava muitos traumas e dificuldades afetivas. Foi quando decidi abandonar o consultório particular que compartilhava com minhas colegas, deixei de ajudar as crianças a serem ouvidas por seus pais e famílias.

Me senti insegura, minha S. precisava de muita dedicação e apoio para sua recuperação e desenvolvimento. O desafio foi maior do que eu imaginava. Desde então, sinto falta e culpa por deixar de atender no consultório. Pensei que eu era uma fraude, já que tinha orientado diversos pais com sucesso, mas não estava conseguindo fazer o mesmo por ela.

Em 2019 fiz uma cirurgia plástica muito sonhada e planejada para melhorar meu bem-estar com o corpo após o emagrecimento com a bariátrica. Mas como em outras ocasiões tive meu processo de recuperação interrompido pela necessidade e demanda de pessoas queridas. Minha mãe foi atropelada por uma bicicleta e ficou internada aguardando cirurgia ortopédica no braço.

Minhas filhas ficaram com minha mãe no hospital e não consegui cumprir o resguardo recomendado pelo cirurgião, pois fiquei cuidando de S. Como consequência tive complicações na ferida cirúrgica e me senti muito mal e mau. Quando minha mãe saiu de alta após a cirurgia no braço, veio ficar na minha casa, mas eu ainda estava com a barriga “aberta” e vazando secreções. Me senti péssima e impotente.

Graças a Deus e muitos curativos, me recuperei em tempo de acompanhar uma de minhas filhas na cirurgia de retirada de miomas uterinos que a faziam sangrar e ficar com anemia, ela tinha só 28 anos. A cirurgia foi um sucesso! Não foi preciso remover todo o útero e “quebrou” a história familiar. Minha mãe precisou remover o útero (histerectomia) aos 38 anos, eu também sofria do mesmo problema e foi preciso fazer o procedimento aos 36 anos.

Ainda em 2019 minha mãe sofreu uma crise de vesícula e foi internada. Fiquei acompanhando durante os 21 dias, mas infelizmente ela possuía diversos fatores agravantes e faleceu em 12 de agosto após muito sofrimento. 

A depressão bateu na minha porta novamente...

O pai das minhas filhas maiores decidiu morar em Florianópolis buscando qualidade de vida após superar um câncer e ter sua função renal totalmente prejudicada após a quimioterapia. As duas foram morar com ele na nova cidade, e nem considerei evitar pois sabia que ele precisava muito da ajuda das duas.

Fiquei sozinha com S.,  cheia de desafios, conflitos e luto. Me senti abatida e impotente. Após várias situações e com ajuda da conselheira tutelar S. foi matriculada numa escola em período integral e pude retornar a trabalhar, pois já tinha tirado todas as férias e licenças possíveis.

Foi então que em 2020 começou a pandemia... 

Outro dia eu conto mais...

@by_luelena

9 de agosto de 2021

O que a atualidade nos faz?

Quem se sente ambivalente em atender as expectativas?
Quando embarquei no Instagram, só queria um álbum de fotos dos vestidos de boneca que fiz e vendi. Queria olhar e me orgulhar da minha criatividade e habilidade com as mãos. 
Eu queria convidar as amigas pra me visitar nas feiras de artesanato e divulgar meus trabalhos.  Criar oportunidade para crianças serem presenteadas com produtos coloridos e divertidos.
Mas o tempo passou depressa e as coisas mudaram. O mundo muda e se transforma o tempo todo.
Pandemia, ameaças a saúde e qualidade de vida. Redes sociais pra combater o isolamento exigido. Comunicação, marketing, estratégia, vendas...
Eu só queria a oportunidade de mostrar pra mim mesma que sou cor e arte. Sou capaz de transformar fios em roupas de boneca. Me ver reconhecida pela prática do crochê e criação de vestuário para bebês e bonecas.
Eu queria estimular as crianças a curtirem a infância, a brincarem mais com bonecas e casinhas. Queria que ocupassem seu tempo livre longe das telas e videogames.
Mas, pra isso tudo acontecer, preciso me posicionar, aparecer, fazer vídeos, Stories e Reels. 
Preciso conhecer minha persona, construir uma estratégia e usar muitos aplicativos...

E a demanda só crescendo... Insights, interações, engajamento...

Eu só quero fazer crochê!
Quero vestir muitas bonecas!
Quero estimular as pessoas a cuidarem melhor das suas crianças!
Quero sentir que "Ser você dá certo!"

Quero ser feliz!.
Quero ser apenas Eu.
Quero saber o meu lugar.
Descobrir minha missão de vida!


28 de julho de 2021

Você sabe o valor que tem?

 Hoje tenho um olhar mais gentil e generoso comigo mesma.

Aprendi a aceitar minhas marcas, aquelas rugas que mostram os sinais das provas ou desafios já superados.

Posso ter mais paciência comigo mesma, menos cobranças, mais aceitação.

Sou alguém que tem muitas vivências e histórias para contar.

Hoje posso me cuidar sem culpa. Minhas filhas já foram criadas e voam em busca de realizar seus próprios sonhos.

Aprendi muito com meus erros, principalmente a sempre corrigir, ressignificar e recomeçar.  Posso errar sem me justificar. 

Posso aprender todos os dias um pouco mais, e compartilhar!

Eu mereço, sou grata pela vida e tudo o que me proporcionou!

Posso me cuidar, me abraçar sem medo de ser feliz!

Posso me amar! Tenho meu valor!

E você, sabe o valor que tem?

@by_luelena

20 de julho de 2021

Não tenho vergonha!

Não acho infantil brincar com bonecas.

Elas foram e ainda são importantes na minha vida.

Sou adulta, vacinada, trabalhadora e gosto de brincar com bonecas! Elas trazem o que há de melhor em mim!

Fui bebê e quando criança, fui a boneca da minha mãe. Ela me teve muito jovem e nem aproveitou a própria infância pois ajudou a cuidar dos irmãos menores. 

Quando me teve e ficou só comigo, aproveitou o tempo perdido. Fui feliz e bem cuidada, tive muitos vestidos bonitos e penteados. Juntas, eu e mamãe rimos e nos divertimos muito!

Aos sete anos ganhei uma irmãzinha, foi um bebê que deu muito trabalho para a minha mãe. Foi a época em que aprendi a brincar sozinha com minhas bonecas. Não foram Barbies e nem colecionáveis, mas eram lindas. Herdadas de outras crianças, mas nunca pareceram de segunda mão. Fui muito feliz brincando e vestindo minhas bonecas!

Cresci bem rápido, aos onze anos ainda gostava de brincar de casinha com minhas bonecas. Os adultos começaram a dizer que eu era “grande demais para brincar com bonecas”...

Minha mãe era costureira e sempre aproveitei os retalhos de tecido para fazer roupas para minhas bonecas, mas ela dizia que eu não poderia continuar brincando. Precisava ajudar nas tarefas domésticas e cuidar da minha irmã.

Sou Luiza e sempre tive muitas ideias na cabeça. Comecei a fazer bonecas de pano como as que eu brincava. O sítio do Picapau amarelo estava sendo exibido na TV e a boneca Emília era a favorita das primas e colegas da escola. 

Aproveitei muito nessa época, pois fazer bonecas era trabalho e usei todo meu tempo livre construindo as mais belas e coloridas Emílias que se podia ver. Cada uma que eu fazia era única. Eu sempre pensava na menina que receberia aquela “amiga” de presente.

Cresci, estudei, me formei, trabalhei e nesse percurso conheci o pai das minhas filhas. Sou grata pois ele me deu duas meninas lindas e brinquei muito com elas. Com meu salário e condições mais favoráveis pude finalmente comprar as primeiras Barbies para minhas filhas. 

Elas tiveram as mais lindas bonecas que foram loiras, morenas, índias e bebês. Brincamos e fomos muito felizes naquela época. Mas, o tempo passou e minhas filhas também cresceram e deixaram de brincar comigo e com as bonecas. 

Eu ainda gostava de bonecas e comecei a fazer vestidos e acessórios em crochê para as filhas das minhas amigas... Quer presente melhor para uma criança que já tem de tudo?

Meu hobby virou artesanato e na sequência empreendimento, continuo criando vestidos e acessórios para bonecas... E me divirto muito!

Me considero uma colecionadora adulta e feliz pois posso escolher e comprar minhas próprias bonecas!

Não sinto vergonha! 

Não preciso pedir permissão para ninguém!

Estou muito feliz com o meu EU SOU!

@by_luelena


11 de dezembro de 2019

Recomeçando...


Muitas coisas têm acontecido em 2019, coisas boas, difíceis, fáceis ou desafiadoras.
Este ano completei 53 primaveras, posso afirmar que já passei da metade da minha vida já que tenho planos de chegar perto de um século de existência... Acho que estou me afastando do motivo principal de estar escrevendo hoje...
A vida muda sempre. Muda ou se transforma a cada dia quando vemos um novo sol surgir ao amanhecer. São tantas possibilidades... Tantas oportunidades...
Posso começar agradecendo ou reclamando! Pedindo misericórdia ou chances de vingança! Posso abrir os olhos pela manhã lamentando ainda estar viva ou me desculpando pelas oportunidades desperdiçadas ontem. Posso duvidar de mim mesma, posso duvidar de Deus e da natureza! Posso acreditar na próxima mentira ou duvidar da primeira verdade dolorida que ouvir! Posso tentar descobrir quem eu fui ontem ou planejar quem desejo ser no futuro.
Prefiro nesse momento em que escrevo essas linhas trêmulas (ou digito neste teclado) abrir os olhos agora, respirar e começar hoje a viver essa nova vida.
Um dia de cada vez! Este deve ser meu lema, minha frase de cabeceira, meu mantra matutino, vespertino e noturno. Hoje é o melhor dia, pois é o meu presente!
Meus projetos, sonhos e desejos poderão surgir pelo caminho, mas não poderão ser motivo de dúvida, dívida ou ansiedade... O que tiver de ser, será começado hoje. O que já passou será apenas uma história que posso contar a alguém ou a mim mesma. Eu escolho começar hoje, agora!
Eu posso escolher hoje! Posso escolher agora! Ou, depois de amanhã ou ontem...
Mas estou decidindo escolher hoje, começar, recomeçar, continuar tentando, perseverando, sobrevivendo... Posso ouvir hoje, posso falar hoje, posso escrever agora!
Já sobrevivi antes. Já superei perdas e lutos antes. Mas hoje começo uma nova história, com novas escolhas. Não desvalorizo as escolhas que fiz e histórias que vivi antes. Não desmereço os sonhos e planos anteriores. Escolho definir agora como será minha vida hoje. Escolho amar a vida! Escolho me amar! Sem promessas e sem arrependimentos. Escolho conhecer quem sou agora!
Escolho renascer hoje e fazer as melhores escolhas que eu puder agora. Escolho abrir meus olhos, ver bem, ouvir melhor. Escolho sentir sabores e aromas como se fosse o meu último dia, ou melhor, o primeiro! Escolho sentir neste instante o peso do meu corpo na cadeira, do tênis confortável que coloquei no pé. Escolho sentir meu coração batendo depressa.
Posso sentir minha respiração ofegante enquanto minha mão se apressa em colocar no papel essas palavras que surgem na minha cabeça. Posso continuar apenas aguardando nesta sala de espera que minha hora comece e meu nome seja chamado, que minha vez chegue... Ou, posso decidir começar neste instante! Posso decidir ser quem eu conseguir ser agora!
Posso ficar aqui ouvindo a música que toca na rádio distante ou posso escrever a minha própria letra, composição ou tema. Posso cantar ou gritar! Posso sussurrar ao vento ou posso simplesmente sentir o ar que entra em meus pulmões e me oxigena hoje, agora!
Ao longo desta vida já vivi e escrevi outros recomeços... Não tenho como dizer se foram melhores ou piores do que este que estou vivendo agora. Só posso dizer que esse dia é único e mágico como foram tantos e serão muitos outros.
Presente, passado e futuro. Ontem, hoje e amanhã.
No passado as pessoas acharam que a terra era plana como um disco de vinil. Quantos morreram antes de aprender essa verdade natural: “a vida é uma bola que rebola lá no céu”, girando ao redor do sol que nos ilumina e nos dá a vida diariamente. Quantos vão nascer ainda que haverão de duvidar que a vida se renova e as situações recomeçam como a música naquele disco enguiçado na vitrola que repete a mesma frase da música passada.
O passado doeu e já passou. O futuro só a Deus pertence. O que tenho é o hoje que eu escolho agora! Neste instante!
Dê-me Jesus a alegria de respirar agora! Dai-me também outros agoras para que eu possa continuar aprendendo a amar. Dê-me Deus a graça de compartilhar esta vida e este momento contigo, comigo e com o próximo!
Um dia de cada vez!